28.4.09

Conjuntura Crise económica mundial provocou mais 50 milhões de pobres

in Jornal Público

A crise económica internacional já criou mais 50 milhões de pobres, sobretudo entre mulheres e crianças, estimam o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional. Pelo caminho ficaram os objectivos de reduzir a pobreza em 2015.

Esta estimativa consta de comunicado conjunto divulgado após a reunião em Washington de dirigentes destas duas instituições.

A crise internacional está a transformar-se em "catástrofe humana e num desastre nos países em desenvolvimento. E esses fenómenos poderão acentuar-se ainda mais. "A economia mundial deteriorou-se consideravelmente desde a nossa última reunião", continua o comunicado. "Esta evolução tem consequências particularmente graves nos países em desenvolvimento, onde a crise financeira e económica se transforma em catástrofe humana e num desastre no plano do desenvolvimento", refere o mesmo documento.

"Nós devemos atenuar o seu impacto nos países em desenvolvimento e facilitar a contribuição destes para a retoma mundial", afirmam.

Em conferência de imprensa à saída da reunião, o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, mostrou-se reticente em relação ao cumprimento dos oito objectivos do milénio, aprovados pelos líderes do mundo em 2000 para reduzir a pobreza em 2015, e que incluem o retrocesso das grandes pandemias, da mortalidade infantil e do analfabetismo, bem como a igualdade dos sexos, a melhoria da saúde materna e a protecção do ambiente.

Os chefes de Estado e de Governo do G20, que agrupa os países mais industrializados e os emergentes, comprometeram-se, em cimeira no passado dia 2 de Abril, em Londres, a aumentar os recursos das instituições financeiras internacionais em mais de 1,1 biliões de dólares, para fazer face aos efeitos da crise económica.

As previsões económicas do Governo para 2009 deverão ser corrigidas, disse ontem o economista José Silva Lopes, considerando, no entanto, que o executivo deve apenas apresentar um orçamento rectificativo no final do ano. O FMI prevê que a economia se contraia 4,1 por cento este ano e o Banco de Portugal 3,5 por cento. Os governos não são obrigados a fazer um orçamento rectificativo se a receita estiver abaixo do previsto, mas sim quando a despesa realizada ultrapassar os gastos autorizados pelo Parlamento.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários vai comunicar esta semana ao Ministério Público novos indícios de ilícitos criminais no Banco Privado Português (BPP), revelou ontem o presidente da CMVM. Carlos Tavares confirmou também que "há alguns elementos na área da gestão de activos [do BPP] em que podemos encontrar algumas situações do mesmo tipo do caso Madoff (responsável por uma fraude em pirâmide de 500 mil milhões de dólares)". O presidente da CMVM admitiu, ainda, que as irregularidades não foram detectadas atempadamente pelas supervisões próprias".

O BES e a CGD estão interessados em financiar o Estado marroquino na compra de navios-patrulha, num negócio entre a marinha marroquina e a Empordef, que pode atingir os 450 milhões de euros. De acordo com o presidente da Empordef, a holding estatal para a indústria da Defesa, os seis navios-patrulha oceânicos e seis navios-patrulha costeiros serão construídos nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. "O que está na mesa pode variar até 450 milhões de euros", disse Jorge Rolo durante a visita do ministro da Defesa à Tunísia, onde a Empordef tem em vista outros negócios.

O Governo da Irlanda está a preparar a compra de 90 mil milhões de euros em empréstimos imobiliários, numa medida que pretende evitar a nacionalização das maiores instituições financeiras irlandesas. Segundo os analistas contactados pela Bloomberg, essas instituições, lideradas pelos Allied Irish Banks Plc, deverão receber por estes activos menos 25 por cento do que o seu valor nominal - perdas de 22,5 mil milhões de euros. O objectivo é retirar dos balanços dos bancos os créditos de cobrança duvidosa às empresas de imobiliário.

O grupo Media Capital obteve no primeiro trimestre deste ano um resultado líquido de 5 mil euros, tendo o valor caído dos 3,9 milhões de euros registados no mesmo período do ano passado.

A queda deveu-se sobretudo ao aumento dos compromissos financeiros do grupo, que aumentaram 129 por cento em relação ao primeiro trimestre de 2008, passando para os 2,5 milhões de euros. Em termos operacionais, a Media Capital apresentou resultados positivos de 2,9 milhões de euros, com um total de proveitos de 58,6 milhões (mais 12 por cento).

A União Europeia lançou ontem procedimentos por défices excessivos contra a França, a Espanha, a Irlanda e a Grécia.

Em 2008, o défice público foi de 3,4 por cento em França, 3,8 por cento em Espanha, 5,0 por cento na Grécia e 7,1 por cento na Irlanda, segundo dados fornecidos por estes estados à Comissão Europeia.

Os Estados-membros também adiaram, de Abril de 2010 para Abril de 2014, a data em que o Reino Unido deverá ter um défice inferior a 3 por cento - em 2008 agravou-se para 5,5 por cento.