21.4.09

Mais de 2000 trabalhadores com futuro incerto

Salomão Rodrigues, in Jornal de Notícias

Oliva entrou em lay-off e engrossagrupo de empresas em dificuldades no norte de Aveiro


São mais de dois mil os operários que em apenas três concelhos de Aveiro têm os postos de trabalho em risco. Administrações das empresas recorrem ao lay-off e aos despedimentos. Sindicatos falam em aproveitamento da crise.

Cerca de 170 trabalhadores da Fundição Oliva, em S. João da Madeira, vão entrar em lay-off no próximo mês de Maio, altura em que está anunciada a paragem da produção. Esta empresa, que emprega actualmente 200 trabalhadores, comunicou, na passada sexta-feira, à Comissão de Trabalhadores, a intenção de recorrer a este regime de excepção durante meio ano. Segundo o sindicato o recurso ao lay-off é justificado com a falta de encomendas. Os trabalhadores ainda não receberam os subsídios de Natal nem o bónus de desempenho relativo a 2008.

Também em S. João da Madeira 422 trabalhadores do sector químico da empresa de componentes para automóvel, Faurecia, encontram-se em lay-off desde o passado dia 1 de Abril. Situação que se irá manter até Setembro.

Esta empresa que emprega 2700 trabalhadores em Portugal tem colocado, periodicamente, trabalhadores de outras secções em casa alegando falta de trabalho. Nestes casos, o ordenado não sofre qualquer penalização ficando o tempo em falta no designado banco de horas. Alguns turnos nocturnos foram reduzidos ou simplesmente suprimidos. O recurso ao lay-off está justificado com uma quebra acentuada nas encomendas.

A quebra no volume das encomendas foi também a justificação apresentada, na passada semana, pela empresa de ferragens, Cifial, de Rio Meão, Santa Maria da Feira, para o recurso ao lay-off parcial que vai atingir 190 dos 370 trabalhadores, durante três meses.

A administração fez saber que não vai efectuar qualquer despedimento e que os ordenados estão garantidos na totalidade. "Foi a solução encontrada para preservar os postos de trabalho" justificou a Cifial em comunicado.

Na freguesia de S. João de Ovar, Ovar, cerca de 140 funcionários da empresa de calçado Arauto paralisaram a produção, durante o dia de ontem, como forma de protesto pelo não pagamento atempado dos salários. Estes trabalhadores ainda não receberam metade do subsídio de Natal e está por pagar metade do salário de Março.

A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores do Calçado de Aveiro e Coimbra, Fernanda Moreira, afirma que há suspeitas de que estejam a ser deslocadas máquinas para outra empresa em S. João da Madeira, com vista ao encerramento da unidade de S. João de Ovar. "Suspeitamos que em breve a empresa possa apresentar um pedido de insolvência". "Vamos estar atentos", garante.

Ainda em Ovar, a produção da Salvador Caetano voltou a parar, no dia de ontem, e vai manter-se inactiva até à próxima quinta-feira. As paragens nesta empresa, que tem cerca de 300 trabalhadores em regime de lay-off, são igualmente justificadas com as quebras de encomendas. A empresa vai paralisar mais dez dias em Maio e quatro em Junho.

O concelho de Ovar enfrenta, ainda, o despedimento colectivo já efectuado de 74 trabalhadores do Grupo Lusotufo, empresa do sector dos pavimentos têxteis, e o lay-off da Yazaki Saltano que abrange 791 trabalhadores. Neste último caso, a empresa justifica quebra no volume de negócios de 50 a 80%.