23.4.09

Riscos persistentes para a economia mundial

in Jornal Público

Fragilidade da banca
A maior preocupação do FMI está centrada numa possível deterioração da já frágil situação do sistema financeiro como consequência do recuo da actividade económica. "O problema está em que, à medida que a economia se contrai em todo o Globo, a ameaça de uma subida dos defaults das empresas e das famílias fazem aumentar ainda mais os spreads de risco, diminuir o valor dos activos, deteriorando os balanços dos bancos", afirma o FMI. Para evitar este cenário, pede-se uma acção rápida e concertada das autoridades para ajudar o sector financeiro a resolver os seus problemas, algo sobre o qual os líderes do G20 não chegaram a acordo na reunião de Londres. O FMI reconhece, contudo, que a opinião pública mundial não parece concordar com esse tipo de actuação por parte dos Governos e bancos centrais.

Crise imobiliária
Foi com o rebentamento da bolha especulativa no mercado imobiliário norte-americano que tudo começou. Por isso, uma retoma de preços e vendas neste sector (agora não só nos EUA, mas também em países europeus como a Espanha e Irlanda) é essencial para a recuperação da economia. Mas o FMI avisa que o aumento do desemprego e a subida do número de famílias que deve mais ao banco do que o valor da casa "ameaçam um novo acréscimo da entrega de casas aos bancos e uma continuação da fraqueza no sector imobiliário durante o ano de 2010".

Deflação de volta
Em meados de 2008, as preocupações estavam centradas na subida da inflação. Agora viraram-se para a deflação. O FMI faz neste relatório uma análise dos riscos de uma descida de preços prolongado, levando em linha de conta que as taxas de juro não podem ser colocadas abaixo de zero. Para já, o que diz é que há "um risco elevado de inflação muito baixa de forma sustentada, um risco moderado de deflação nos EUA e Zona Euro e uma probabilidade significativa de uma deflação mais profunda no Japão". Além disso, antecipa que as taxas de juro nas economias avançadas, incluindo o euro, irão ficar colocadas muito perto de zero durante um período longo.

Países em falência
A possibilidade de um ou mais países falharem o pagamento das suas dívidas públicas é uma das preocupações do FMI para a evolução da economia mundial. O relatório destaca a possibilidade de se registar um "efeito de contágio perigoso de um país para outros com as mesmas características em resultado de uma falha no pagamento da dívida". E assinala que o simples facto de os mercados estarem a exigir taxas de juro maiores devido à existência destes riscos leva a que muitos Governos fiquem com um menor espaço de manobra para usar o orçamento para estimular a economia, como acontece com Portugal. O Fundo lembra ainda que mesmo os EUA podem ter problemas, se se registar uma diminuição brusca da procura dos seus títulos obrigacionistas.