26.5.09

Cresce o número de participações de crianças desaparecidas

in Jornal de Notícias

No ano passado, o serviço SOS Criança Desaparecida registou 76 novos processos de menores desaparecidos. O número de participações tem aumentado nos últimos anos e a maioria é referente a raparigas.

Segundo o Instituto de Apoio à Criança (IAC), que gere o serviço SOS, em 2007 houve 34 situações novas participadas, em 2006 houve 31, em 2005 foram 17 e 25 em 2004.

À margem da sessão promovida pelo IAC para divulgar o número telefónico europeu das Crianças Desaparecidas (116 000), a coordenadora do serviço, Alexandra Simões, explicou à Agência Lusa que o aumento de participações está relacionado com a divulgação do número europeu.

"Verifica-se um aumento com a disseminação do número europeu 116 000, quer através da comunicação social, quer pela mediatização que o serviço obteve com os casos das três crianças belgas raptadas pelo progenitor de Antuérpia, Bélgica", adiantou.

Mais raparigas do que rapazes

A maioria dos casos (56) chegou ao conhecimento do SOS Criança Desaparecida através da linha telefónica, 18 situações por e-mail e dois casos via apartado.

Das situações reportadas, 52 eram referentes a raparigas e 23 a rapazes. Segundo os mesmos dados, 44 por cento dos menores dados como desaparecidos (34) tinham entre 11 e 15 anos, enquanto em 21 dos casos os jovens tinha entre 16 e 18 anos. Foram ainda reportados cinco casos relativos a crianças entre os zero e os cinco anos.

Em termos de proveniência, na maioria dos casos (40 por cento) os menores residiam no distrito de Lisboa (31 casos), 17 desapareceram no Porto, seis em Setúbal e quatro em Faro e Santarém.

Foi ainda comunicado um caso de crianças desaparecidas no estrangeiro (três meninas belgas).

A maioria das crianças (56 das 76) foi localizada, embora com "a tristeza de contar com a perda da vida de duas jovens, de 14 e 16 anos", refere o IAC.

Mais desaparecimentos nas férias

Quanto à distribuição das ocorrências pelos meses do ano, constata-se que nas férias escolares aumentam os casos. O mês que registou mais casos foi Setembro (12), seguindo-se Junho, Julho e Agosto, cada um com nove casos.

Para o sucesso da localização das crianças, Alexandra Simões disse à Lusa que tem contribuído a resposta das forças de segurança e também a forma como muitas famílias se mobilizam para elas próprias localizarem as suas crianças.

O secretário de Estado Adjunto e da Administração Interna, José Magalhães, adiantou ainda que o Sistema de Alerta Rápido contra Raptos e Desaparecimentos "é um grande desafio que é preciso ainda vencer em Portugal".

"Ao contrário do 116 000, que está activo, este sistema está em construção e será activado em breve e representará um passo muito importante na articulação entre forças e os serviços de segurança, outros parceiros, que trabalharão em rede, e o Ministério Público", sublinhou.