27.5.09

Crise económica vai provocar "paragem da globalização" e deterioração do ambiente de negócios

Sérgio Aníbal, in Jornal Público

A crise económica que o mundo atravessa não é uma nova Grande Depressão, mas irá provocar, durante os próximos quatro anos, uma paragem no processo de globalização e uma deterioração do ambiente de negócios, prevê a Economist Intelligence Unit (EIU), a unidade de research económico do grupo que inclui a revista The Economist.

Esta conclusão está no relatório que calcula a evolução do Índice de Ambiente de Negócios para 82 países em todo o Mundo e que, no período de 2009 a 2013, irá baixar, em termos globais, para 6,61 contra 6,72 pontos entre 2004 e 2008. O indicador - que é construído com base no pressuposto de que o modelo de liberalização da economia é o mais eficaz para o crescimento - sofre descidas acentuadas em algumas das principais economias mundiais, como os Estados Unidos ou o Reino Unido.

Portugal não fica imune a esta tendência. O índice desce de 6,85 para 6,74 pontos, registando-se uma descida de dois lugares no ranking, para a 36.ª posição. Portugal é ultrapassado pela Eslováquia e o México, mantendo-se, dentro da zona euro, à frente da Itália e da Grécia.

A deterioração do ambiente de negócios mundial, explica o relatório, está directamente relacionada com as perspectivas de crescimento económico bastante mais fracas e a perda de confiança dos agentes económicos. No entanto, a EIU alerta também para o que diz serem os riscos de um maior proteccionismo nas políticas económicas seguidas pelos Governos e pela possibilidade de um recuo na estratégia liberalização dos mercados. De acordo com o relatório, isso significa uma "paragem no processo de globalização".

"A paisagem global de negócios será caracterizada por mais prudência, menos liquidez, menos fluxos de capital internacionais, regulação mais apertada e menos tomada de riscos", afirma o relatório, que antecipa, para os próximos quatro anos, taxas de crescimento económicos bastante mais fracas do que as que se vinham a registar antes da crise, principalmente no que diz respeito às economias ocidentais. Para a Europa Ocidental, a EIU está à espera que os quatro anos seguintes sejam de subida moderada das taxas de crescimento e não chegam a ultrapassar os dois por cento, ou seja, muito longe dos 3,1 e 2,7 por cento atingidos em 2006 e 2007.