25.6.09

Constâncio: "Não há informação" que justifique pessimismo da OCDE

in Jornal de Notícias

O governador do Banco de Portugal, Vítor Constâncio, considerou esta quarta-feira de inesperado que a OCDE tenha feito uma revisão em baixa das previsões macroeconómicas para Portugal, argumentando que não existem dados mais recentes que a fundamentem.

"Creio que não há informação mais recente que fundamente esse pessimismo", afirmou o governador do Banco de Portugal aos jornalistas, no final da cerimónia da entrega do prémio Jacques Delors.

Nas suas "Perspectivas Económicas" hoje divulgadas, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) anunciou que espera que o Produto Interno Bruto (PIB) português tenha uma queda de 4,5 por cento este ano e 0,5 por cento em 2010.

Vítor Constâncio recusou falar mais sobre o assunto, remetendo mais comentários sobre a situação económica para 15 de Julho, data em apresentará na Assembleia da República o Boletim Económico de Verão.

As previsões da OCDE são mais pessimistas que as do Governo português, que aponta para uma contracção de 3,4 por cento este ano, e que as da Comissão Europeia, que antecipa uma queda de 3,7 por cento do PIB português em 2009.

Constâncio considerou que as últimas previsões do Banco de Portugal (que já foram revistas em baixa mas eram mais optimistas que as da OCDE )parecem mais realistas que as da Organização para a Cooperação, embora tenha reconhecido que o cenário económico continua a ser de "grande incerteza".

"As últimas informação económicas baseiam-se em dados de Abril e Maio e não parecem justificar o agravamento das previsões, e a nível internacional até se esperava que fossem melhores", afirmou o governador do Banco de Portugal aos jornalistas.

Vítor Constâncio entregou o prémio Jacques Delors a Bruno Oliveira Martins pela obra "Segurança e Defesa na Narrativa Constitucional Europeia, 1950-2008", que elogiou numa longa intervenção.

O autor premiado explicou que a obra com que concorreu corresponde basicamente à sua dissertação de mestrado que apresentou na Universidade do Minho e onde faz uma comparação das vertentes da segurança e da defesa ao longo dos quase 60 anos de existência da comunidade europeia.

O prémio Jacques Delors corresponde a uma compensação pecuniária de cinco mil euros e à edição em livro da obra laureada.

Vítor Constâncio presidiu ao júri de que faziam parte Isabel Mota, administradora da Fundação Gulbenkian, e o embaixador José Paulouro das Neves.