30.6.09

Famílias portuguesas pouco acima do limiar de pobreza

in RR

Chamam-lhes “famílias sanduíche”: passam os meses a esticar o ordenado, mas ganham o suficiente para não recorrer a apoios públicos. É a nova geração de necessidades sociais.

Os dados são da organização não-governamental TESE, segundo a qual mais de metade das famílias portuguesas vive com menos de 900 euros mensais.

A maior parte dos agregados monoparentais e dos idosos não tem mais de 500 euros para gastar por mês.

As regiões Norte e de Lisboa e Vale do Tejo são onde se encontram mais destas famílias, revela o relatório sobre necessidades dos portugueses, a que a Renascença teve acesso.

“São as famílias que estão ligeiramente acima do limiar de pobreza, geralmente um casal com uma criança e mil euros, e que têm muita dificuldade para face ás despesas”, diz Isabel Guerra, professora no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE).

Esta investigadora aponta ainda outro tipo de carências: a falta de tempo, sobretudo, pela necessidade de trabalhar mais, seja em dois empregos seja em mais turnos.

O grupo científico do ISCTE está também a analisar as vítimas das profissões em extinção e o impacto da formação na vida adulta. As dificuldades dos novos reformados, incluindo os que saem da vida activa de maneira compulsiva, é outro tema de estudo, assim como o isolamento na terceira idade, tanto no meio urbano como rural.

Viver em Cabeça-do-Velho

No terreno, a Renascença encontrou um isolamento do género do estudado pela equipa do ISCTE em Cabeça-do-Velho, no interior da serra algarvia, concelho de São Brás de Alportel.

Júlio Reis é um dos habitantes. Saiu da aldeia, mas regressou. Hoje, a sua vida é feita sem horários e sem muita gente em redor.

Manuel Casimiro é seu vizinho e acredita no regresso à terra, dadas as dificuldades sentidas na cidade e do actual estilo de vida.

São Brás de Alportel fica a 22 quilómetros de muitas curvas de distância. A Câmara disponibiliza, todos os últimos sábados de cada mês, transporte gratuito para que a população de Cabeça-o-Velho lá ir possa ir às compras.