29.6.09

Maioria não usufrui de baixas médicas

António Marujo, in Jornal Público

Um total de 61,9 por cento dos portugueses não consegue pagar uma semana de férias fora de casa sem ficar em casa de familiares. E metade (50,9 por cento) não usufrui do período total de baixa médica sem ter que fazer grandes restrições ao orçamento familiar.

Estes dois dados são alguns dos que os investigadores mais destacam nas conclusões do estudo Necessidades em Portugal como indicadores de privação. Há ainda um número significativo (13,4 por cento) de pessoas que admite não conseguir comprar todos os medicamentos de que necessitam.

Dados como estes estão de acordo com o o risco de pobreza em Portugal, destacam as conclusões. Um total de 59 por cento dos inquiridos afirmou que não fica com dinheiro de sobra depois de pagar as despesas fixas. E só sete por cento afirmam que conseguem poupar mais de 25 por cento do rendimento.

Estes indicadores de privação, destacam os investigadores nas conclusões do estudo, "demonstram o alargamento da exposição à vulnerabilidade, afectando grupos bastante diversos". E fazem sobressair nos grupos mais vulneráveis "necessidades mais ligadas ao ter do que ao ser".

Nada de estranhar num país onde mais de metade (57 por cento) da população tem um orçamento familiar inferior a 900 euros. Olhando o gráfico do rendimento líquido mensal pelo outro lado, apenas 17,5 por cento dos agregados têm rendimentos superiores a 1500 euros.

Portugal continua a ser, por isso, um país onde a maioria associa as suas necessidades a questões físicas e de recursos: rendimento, emprego, acesso à saúde, transportes e acessibilidades. E em que uma parte significativa da população continua "preocupada com a sua sobrevivência" e com "dificuldades em assegurar algumas condições de vida básicas".