24.6.09

OCDE com 57 milhões de desempregados em 2010

Natália Faria, in Jornal Público

Os 30 países que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) deverão somar 57 milhões de desempregados, já no final do próximo ano.

De acordo com as projecções avançadas ontem, a taxa de desemprego deverá atingir os 10 por cento, no final de 2010, ou seja, a mais elevada desde 1970.

É um cenário bastante mais sombrio do que o verificado até agora. Em 2008, a taxa de desemprego na OCDE foi de 6,8 por cento, com 37,2 milhões de pessoas sem emprego. Em Abril deste ano, as estimativas apontavam para uma taxa da ordem dos 7,8 por cento.
E o pior, segundo o secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, é que o desemprego continuará a pesar nas economias de cada país "durante muito tempo", perspectivando-se que a diminuição dos níveis de desemprego se fará muito depois de reiniciado o período de retoma económica.

Por isso, e enquanto os níveis de desemprego não começarem a baixar, a OCDE recomenda que cada um dos países direccione os seus esforços no apoio aos mais vulneráveis à crise, assegurando que as redes de apoio financeiro respondem às necessidades dos agregados familiares mais carentes. No mesmo comunicado, a OCDE recomenda ainda especial atenção ao desemprego entre os jovens.

Os países são do mesmo modo desafiados a investir fortemente na criação de oportunidades de formação e requalificação profissionais, de forma a que os que procuram emprego sejam capazes de manter as suas competências em sintonia com as necessidades dos respectivos mercados.

De acordo com os números divulgados ontem pela OCDE, Portugal somava, em Dezembro de 2007, 426 mil desempregados. Em Abril passado, as pessoas sem emprego tinham já aumentado para 512 mil, o que traduz um aumento da ordem dos 20 por cento.
No mesmo período, Espanha ficou com mais 2,2 milhões de desempregados, ou seja, foi responsável e protagonista de 71,5 por cento do desemprego criado na zona de euro, no último ano e meio.

A Espanha, que, à semelhança de Portugal, enfrenta o desafio do envelhecimento demográfico, foi, aliás, aconselhada pela OCDE a pôr travão às reformas antecipadas como forma de assegurar algum equilíbrio do sistema.

No país vizinho, a população com mais de 65 anos representa actualmente 26,2 por cento do total, contra uma média na OCDE da ordem dos 23,8 por cento. Em Portugal, e segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), os indivíduos com 65 ou mais anos de idade representavam 17,4 por cento da população total. As projecções do INE para 2060 prevêem que, dentro de 40 anos, os idosos com 65 ou mais anos de idade irão representar 32,2 por cento da população total. Dito de outro modo, haverá três idosos por cada três jovens. Em ambos os países a idade da reforma situa-se nos 65 anos.