29.6.09

Portugal é o país onde mais empresas fecham

Lucília Tiago, in Jornal de Notícias

Cerca de 30% das sociedades encerram antes de completar um ano de actividade, diz o INE


Portugal é o país da UE onde a taxade mortalidade das empresas é mais elevada. A vontade de ter um negócio próprio é grande, mas a realidade mostra que apenas 30% das empresas se mantém em actividade no fim do primeiro ano de vida.

Por cá, como noutros países europeus, o "desejo de ser o meu próprio patrão" é a principal motivação para a criação de negócios e de empresas. E os dados reunidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no estudo "O empreendedorismo em Portugal" mostram que não falta vitalidade aos empresários portugueses: só em 2007 nasceram 167 473 novas empresas, a maior parte nos serviços.

Este dinamismo inicial não é, no entanto, suficiente para obter sucesso. Prova disso mesmo é o facto de cerca de 30% das empresas encerrar antes de concluído o primeiro ano de actividade. E, no final do segundo ano, apenas se mantêm abertas 53,8%, o que significa que cerca de metade ficou já pelo caminho.

Por sectores, o INE constata que o dos serviços foi o que evidenciou maior dinamismo, tanto na natalidade com na mortalidade, situação a que não é alheio o facto de, nesta área, os custos de entrada e saída do mercado serem menores. Já a construção, surge como o sector onde mais empresas (cerca de metade) sobrevivem aos primeiros dois anos de actividade e isso explica-se pelo "tempo de duração de alguns tipos de obras, normalmente superior a um ano".

Os números sobre a criação de novas empresas mostram que Portugal é o terceiro país da União Europeia com a mais elevada taxa de natalidade (14,2%), mas mostram igualmente que a taxa de mortalidade (encerramentos) é a mais alta (14,8%), por comparação com a realidade dos 18 estados-membros para os quais existem dados semelhantes.

O "retrato" do INE neste estudo sobre o empreendedorismo incide sobre o período de 2004 a 2007 e conclui que naquele último ano existiam em Portugal 1,2 milhões de empresas não financeiras que, no seu conjunto, tinham associadas 3,8 milhões de pessoas ao serviço e geravam um volume de negócios da ordem dos 354,3 mil milhões de euros. A maioria destas empresas (68%) eram de empresários em nome individual ou trabalhadores independentes.