24.7.09

Bragança vai averiguar violência doméstica em grávidas

Ana Cristina Pereira, in Jornal Público

Campanha foi ontem lançada para divulgar um serviço específico para vítimas que já existe nos vários centros de saúde do Nordeste


Um projecto-piloto para detectar violência doméstica nas grávidas e acompanhá-las germina no Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Alto de Trás-os-Montes - Nordeste. Um serviço de atendimento a vítimas já funciona em todos os centros de Bragança.

"Muitas vezes, antes de a situação se agravar, de haver queixa na polícia, a vítima fala com o médico de família ou com o enfermeiro de família", diz a directora do ACES-Nordeste, Berta Nunes.

"A generalidade dos profissionais de saúde não está preparada para ajudá-la porque não aprendeu a fazê-lo no curso, apesar deste ser um grande problema de saúde pública".

Na linha do Plano Nacional contra a Violência Doméstica, a ACES-Nordeste criou uma resposta específica. Em cada centro de saúde, excepto Foz Côa, tem agora uma equipa multidisciplinar.

Os núcleos contam com um total de 12 médicos, 21 enfermeiros, 14 assistentes sociais, nove administrativos, um técnico de saúde ambiental. Muitos já receberam formação: 66 em acções de intervenção básica (2007), 36 em acções de intervenção avançada (2008). Ontem, em Bragança, foi lançada uma campanha. Os cartazes, a distribuir por diversas instituições do Nordeste, dirigem-se a dois públicos. Um recomenda a mulheres mais jovens para quebrarem o ciclo de violência quanto antes; outro diz a mulheres mais velhas que nunca é tarde de mais.

O projecto para grávidas resulta desta experiência. "Prepara os profissionais para a detecção precoce", explica Berta Nunes.

"Estamos a receber cada vez mais pedidos de ajuda. Com as grávidas, não vamos ficar à espera", salienta. O médico de família tentará provocar o desabafo e encaminhar para o núcleo, para que a mulher seja acompanhada.