26.7.09

Fala-se cada vez mais português no Colégio Alemão

in Jornal Público

O português do director do Colégio Alemão, H. Stann, ainda não o deixa falar à vontade. Prefere não arriscar e expressa-se em alemão. Só está no Porto há três anos e já nota haver cada vez menos pessoas como ele. Agora, nos intervalos, nos corredores, fala-se menos a sua língua, fala-se mais português.

As estatísticas do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) indicam uma redução acentuada de cidadãos da Alemanha a residir no distrito do Porto: de 1313 em 2007 para 680 em 2008. Parece que, de repente, as famílias combinaram partir, mas não foi assim. A redução pode não ter ocorrido de um ano para o outro, pode ter sido mais espaçada: Portugal está perante uma quebra de série das estatísticas da população estrangeira residente (ver caixa).

A redução "reflecte-se no Colégio Alemão". H. Stann encontra-a na fatia de alunos alemães: "Há 10 ou cinco anos, representavam cerca de 25 por cento; agora, representam 15." E é essa substituição de alunos alemães por portugueses que está a trocar a forma de comunicar nos intervalos entre as aulas.

Inquieto, o colégio tentou perceber por que estava a perder alunos de nacionalidade alemã. "Os alemães não deixam Portugal de bom grado", compreendeu H. Stann. Todos os compatriotas residentes em Portugal que ele conhece lhe dizem que gostam de cá estar. O que os leva a abandonar o território nacional "é a economia": "Nos últimos anos encerraram em Portugal imensas fábricas alemãs; deslocalizaram-se para países da Europa de Leste. Do sector têxtil, do calçado, do automóvel, de "todos os sectores". Os técnicos que nelas trabalhavam foram transferidos para outros países".
O último grande abanão foi provocado pela Qimonda Portugal, a fábrica de semicondutores que já foi a maior exportadora nacional.

440.277
é o número de estrangeiros com permanência regular em Portugal, mais 4541 do que no ano passado

26.439
é o número de residentes estrangeiros no distrito do Porto, mais 1574 que em 2007