30.7.09

Grandes reestruturações criaram dobro do que destruíram

por Catarina Almeida Pereira, in Diário de Notícias

Portugal foge à regra europeia, numa análise que só tem em conta os anúncios que afectam pelo menos cem trabalhadores


As 371 reestruturações de empresas anunciadas na Europa no segundo trimestre do ano implicaram a destruição de cerca de 125 mil postos de trabalho e a criação de 31 mil. O balanço é feito pelo European Reestructuring Monitor, divulgado pelo Eurofound, que identifica, no País, a situação inversa: de Abril a Julho, foi anunciada a criação de 1795 postos de trabalho, mais do dobro dos 824 que foram declaradamente extintos.

Os critérios ajudam a explicar os resultados. A análise, baseada em dados enviados por correspondentes, tem apenas em conta os anúncios de criação ou destruição de pelo menos cem empregos, ou que afectem 10% dos trabalhadores de empresas com mais de 250 pessoas. Ignora, por isso, os pequenos despedimentos colectivos que proliferam no País. Entre os anúncios considerados em Portugal estão o do grupo Auchan (mil novos postos de trabalho) ou da Reditus (objectivo de criar 360 postos de trabalho). Já as contas relativas à destruição de emprego em Portugal contemplam os casos da Coindu (387 postos de trabalho), da empresa de confecções Mateus e Mendes (150) ou da Tyco Electronics (110).

Reconhecendo o abrandamento do desemprego, o Eurofound sublinha que indicadores recentes apontam para uma deterioração do mercado de trabalho. "É consensual que a recessão vai durar mais na Europa", refere.