31.7.09

À procura de quem dê colo a meninos

Alexandra Lopes, in Jornal de Notícias

Campanha da Fundação Mundos de Vida visa aumentar bolsa de famílias de acolhimento. Exemplos de ajuda levam a estender apelos a outros concelhos


A mesa de refeições da família Freitas já era grande. Mas ficava "meia vazia". Agora, a família cresceu e a mesa fica completa.

Arnaldo e Fernanda Freitas tinham dois filhos, mas quando integraram a bolsa de famílias de acolhimento da Fundação Mundos de Vida, situada em Lousado (Famalicão) viram o rol transformado em cinco.

O casal tem dois filhos biológicos: um rapaz com 14 e uma rapariga com 19 anos.Há cerca de um ano recebeu em sua casa dois menores institucionalizados com 9 e 14 anos. Uns meses mais tarde chegou uma adolescente com 17.

"Toda a gente sabe que eles são da família. Por isso, quando convidam têm de ter lugar para sete", diz Fernanda que garante tratar os filhos biológicos e os de "acolhimento" de igual forma.

A mesa de refeições adaptou-se em pleno ao aumento da família, mas foi necessário comprar camas. Agora chegou a altura de trocar o carro por uma carrinha de nove lugares. Quando decidiu ser família de acolhimento, o casal fez com que os filhos percebessem a importância das crianças institucionalizadas terem uma família onde se integrassem.

"Dissemos-lhe para pensarem como gostavam que os outros se comportassem com eles e está a correr tudo bem", aponta. Até a tabela das tarefas básicas (levantar a mesa ou levar o lixo à rua) foi de imediato adaptada aos novos elementos da família.

Foi através de um outdoor da campanha "Procuram-se Abraços" da Mundos de Vida que o casal Fernanda e Arnaldo teve conhecimento da possibilidade de ser família de acolhimento. "Os nossos já estão grandes por isso pensamos que poderíamos ajudar uma criança", afirmou. Em vez de uma ajudam três.

A instituição propôs-lhe acolher dois irmãos. "Não quisemos separar os irmãos e acolhemos os dois", conta Arnaldo. Uns meses mais tarde os técnicos falaram-lhes numa adolescente. Não resistiram.

Andreia Vilaça e o marido, hoje pais de um menino de cinco meses, acolheram uma rapariga de etnia cigana com nove anos durante um ano. Inicialmente, quando souberam que se tratava de uma criança cigana, ficaram reticentes: "os costumes são muito diferentes". Contudo, depois de uma pequena reflexão decidiram aceitar. Apesar deste receio diz que a maior dificuldade que encontrou durante o acolhimento foi o "preconceito" dos outros.

A Mundos de Vida desenvolve o programa de famílias de acolhimento desde 2006, Conta já com uma bolsa com 40 famílias. Além da captação das famílias, a instituição promove formação e faz um acompanhamento sistemático a quem acolhe. "Além da formação e acompanhamento permanente a inovação deste programa está também na motivação. As famílias acolhem para ajudar uma criança", refere Celina Claúdio, da Mundos de Vida. O programa foi este ano alargado a Guimarães, Vizela, Barcelos e Esposende.