16.9.09

Crise está a obrigar colégios a facilitar pagamentos

por Catarina Guerreiro, in Diário de Notícias

Privados estão a permitir aos pais facilidades para pagarem as mensalidades e muitos nem aumentaram as propinas. O aperto económico fez baixar a aposta nas actividades extracurriculares.

Este ano lectivo, a maior parte dos colégios privados cortou nas actividades extracurriculares, não aumentou as mensalidades nem a alimentação e criou facilidades de pagamentos.

O colégio Salesianos do Estoril, que tem 1460 estudantes, reduziu este ano a mensalidade (320 euros, em média) a mais famílias do que o habitual. "A pedido dos pais alguns alunos têm mensalidade reduzida. A média de redução anda nos 40%", revelou ao DN o padre Joaquim Taveira da Fonseca, director da escola. Há mesmo, adianta o responsável, cinco ou seis alunos que este ano não pagam mensalidade. "Alguns têm mensalidade reduzida a 100% porque não queremos que abandonem a escola por causa do dinheiro", acrescenta. Como resposta à crise, o colégio está também a criar um banco de livros para os alunos com mais dificuldade.

No colégio Vasco da Gama, em Belas, o director admite que, devido à crise, fazem ajustes nas mensalidades. "Há pais a entrarem no meu gabinete a explicar que querem que os filhos continuem no colégio mas que não podem pagar", diz Inácio Casinhas, director pedagógico, acrescentando que por isso a escola criou um plano de pagamento personalizado para cada família. Alguns, por exemplo, em vez de pagar a mensalidade em nove meses pagam num ano, explica, dizendo que notou uma redução das inscrições das actividades extracurriculares.

Para permitir que os pais continuem a poder pagar, o colégio de Santa Doroteia, em Lisboa, decidiu não aumentar este ano a mensalidade (que vai de 385 a 472 euros). Além disso, adianta a irmã Amorim, o estabelecimento religioso não aumentou os custos da alimentação, tendo também registado menos inscrições nas actividades extracurriculares. "É por motivos financeiros", diz.

Do Colégio St Peter's School, em Palmela, saíram este ano 20 dos 1012 alunos para o público por dificuldades financeiras. E para evitar a saída dos melhores, a escola deu bolsas a cinco jovens com dificuldade no pagamento. Além disso, permite que ali estudem de borla todos os que, a partir do 5º. ano, atinjam 95% de aproveitamento.

A mesma estratégia é usada no Colégio Valsassina, em Lisboa, de forma a garantir que os melhores dos seus 1300 estudantes não vão para o público. Sinal da crise, segundo o director João Valsassina, é ainda o aumento de pais que optaram pelo pagamento anual por este ter desconto.

Já o Colégio Universal do Porto está a fazer acordos com os pais. "Temos um esquema de pagamento próprio e estamos disponíveis para negociar", diz Rui Brito, da direcção da escola, explicando que "há pais que pedem para pagar menos por mês e pagar mais na altura do subsídio de natal e férias".

Além de aceitar diminuir as mensalidades, muitos dos mais de 20 estabelecimentos contactados pelo DN revelaram que este ano não aumentaram o valor mensal. É o caso da Academia Luísa Todi, em Setúbal, onde já no final do ano passado muitas famílias deixaram dívidas, do Externato Luso-Britânico, em Lisboa, e do Bernardette Romeira, em Olhão.

A Academia de Música Santa Cecília, em Lisboa, foi das poucas que decidiu aumentar na mesma as propinas. "Aumentámos 2 a 3%", adiantou a directora Filipa Pacheco de Carvalho. Mas até aqui se está a sentir a crise, com os pais a cortar nas activididades extracurriculares.