23.9.09

Mais população, mais fome

in Jornal de Notícias

O crescimento não regulado da população acelera as alterações climáticas, danifica os ecossistemas e condena vários países à pobreza, conclui um estudo de 42 especialistas defensores do controlo da natalidade, publicado anteontem, segunda-feira.

Todas as semanas, nascem mais 1,5 mil milhões de seres humanos, alerta, o que pode conduzir a um desastre planetário.

"Todas as mulheres deveriam ser protegidas para evitar nascimentos não desejados", afirmaram os investigadores, num editorial colectivo publicado na revista da British Royal Society.

Estima-se que a população mundial poderá chegar aos onze mil milhões de pessoas a meio do século, a menos que haja uma redução drástica da taxa de natalidade, através de programas de planeamento familiar.

As Nações Unidas prevêem que a população passe dos 6,8 mil milhões de pessoas para oito mil milhões a 10,5 mil milhões até 2050.

"Em vários países (entre) os menos desenvolvidos, um crescimento rápido e contínuo da população poderá levar à fome, à falha do sistema educativo e ao conflito", atenta Malcom Potts, do Centro Bixby para a População, Saúde e Desenvolvimento Sustentável (Universidade da Califórnia).

"Não há nenhuma dúvida de que a taxa actual de crescimento da população mundial é impossível de suportar ao longo do tempo", afirmou, por seu turno, Roger Short, da Universidade de Melbourne, Austrália.

A quase totalidade deste crescimento (98%) deverá repercutir-se em países em desenvolvimento, sobretudo em África, onde a população deverá chegar aos 1,93 mil milhões de habitantes até 2050.

"Como é que o Níger vai alimentar uma população que vai passar dos onze milhões aos 50 milhões, em 2050?, questionou Lord Adair Turner, antigo chefe do patronato britânico, referindo que este é um país semi-árido que já terá de enfrentar problemas climáticos.