10.9.09

Mulheres contra a crise

Catarina Craveiro, in Jornal de Notícias

Desemprego atira-as cada vez mais para o mundo do empreendedorismo


São mulheres. Desempregadas. E têm um sonho comum: criar o seu próprio negócio. A maioria recorre a apoios estatais, mas se esses falharem, o crédito é uma opção. Em 2008, das 426 candidaturas, 52 foram aprovadas.

Sandra, Rute, Lurdes, Rosa e Graça. São exemplos concretos de mulheres empreendedoras que conseguiram, com o apoio de associações ou com os próprios recursos, criar o seu negócio. As circunstâncias que as levaram a seguir este caminho não foram as melhores, mas o resultado final compensou.

"Há quatro anos estive de licença de maternidade e quando regressei ao trabalho, o meu lugar estava ocupado pela prima do director", disse Rute Miranda, durante o seminário "Empreendedorismo feminino em Portugal como uma resposta à crise", realizado ontem em Lisboa. Após algumas semanas em casa, Rute decidiu ser patroa de si mesma. Licenciada em História, Rute sonhava com a decoração. Tirou o curso e por falta de recursos, candidatou-se ao projecto Dona Empresa, desenvolvido pela Associação Portuguesa de Mulheres Empresárias. Durante a formação, amadureceu a ideia, e está prestes a inaugurar o seu atelier. Entregou a candidatura em Julho e espera agora pelos apoios, que lhe vão permitir remodelar o espaço. "Se as verbas falharem, já estou preparada para pedir um empréstimo bancário", disse a futura dona do Prateado.

Na mesma situação está Lurdes Costa. O plano de negócio já foi entregue no ILE, Iniciativas Locais de Emprego, e antes do Natal quer ter a funcionar o Natural Spot. Situado em pleno coração de Lisboa, no Campo Grande, aos 42 anos, Lurdes irá comandar um espaço dedicado à saúde e bem-estar. "Depois de 20 anos como secretária, ainda me sinto com força para começar um negócio, independentemente da crise", garantiu.

Quem já mergulhou no mundo dos negócios foi Sandra Oliveira. Licenciada em Design, ficou desempregada, mas não baixou os braços. Formou-se na ANJAF e apresentou o projecto ao centro de emprego. Não pediu financiamentos. Arrancou com o negócio com o dinheiro que recebeu do subsídio de desemprego. Hoje, desenha e confecciona malas com a marca SHO. No mercado desde Junho, Carla comercializa as suas peças através da Internet, em lojas multimarca, na Fundação Serralves e no CCB.

Exemplos de empreendedorismo são também Graça Gorjão e Rosa Maria. Juntaram-se e criaram a Colabora. Uma cooperativa dedicada à consultoria e intervenção social. Sediada na Covilhã, a organização conta já com dois anos de vida e sem subsídios.