31.10.09

Perdem-se por dia 100 postos de trabalho no sector da construção

Por Luísa Pinto, in Jornal Público

Sindicato da Construção do Norte pediu uma audiência ao novo ministro para lhe pedir que arranque "já" com os investimentos públicos


A construção residencial é a principal fonte de emprego para os trabalhadores da área da construção. E, neste segmento, não tem havido notícias de retoma, mas antes sucessivas notícias de perda de postos de trabalho. Segundo contas apresentadas ontem pelo Sindicato da Construção do Norte, são cem postos de trabalho que se perdem por dia. E, apesar das intenções de avançar com grandes investimentos, intenções essas que ganharam força com a vitória do PS, "em 2010 a situação vai ser muito negra para o sector", disse ao PÚBLICO o presidente daquela estrutura, Albano Ribeiro.

Segundo este dirigente, os problemas mais graves situam-se no distrito do Porto e de Braga, onde a quebra de construção de edifícios novos se sente de forma acentuada. Mas também para onde regressaram muitos trabalhadores (cerca de 50 mil a nível nacional) que no passado trabalhavam em Espanha, e que regressaram a Portugal. A essa situação acresce-se a míngua de obras em território nacional, e a prática das empresas de construção em não renovar contratos. "Temos um caso de uma empresa que tinha 180 trabalhadores, e que agora tem sete", exemplifica Albano Rodrigues.

Segundo as estimativas feitas por este sindicato, se as muitas obras anunciadas e prometidas não estiverem efectivas no terreno haverá mais dez mil desempregados no sector até ao fim do ano - mais de 60 por cento dos quais na Região Norte. O Sindicato da Construção pediu ontem uma audiência "com carácter de urgência" ao novo ministro das Obras Públicas para o sensibilizar para a necessidade de arrancar de imediato com as obras, de forma não só a travar o aumento do desemprego no sector como a evitar saída do país de muitos trabalhadores que vão encontrar no estrangeiro condições desumanas. Albano Ribeiro dá o exemplo do Túnel do Marão, que está a empregar cerca de 700 trabalhadores, para demonstrar como é necessário que estas obras se multipliquem: a ligação do TGV Porto-Vigo, a transformação da ligação Viseu-Coimbra em auto-estrada e a construção da nova travessia sobre o Tejo, do novo aeroporto, as barragens "já anunciadas" e dos hospitais de Lamego e da Guarda estão entre as obras reivindicadas.