16.10.09

Restaurantes solidários oferecem refeições a famílias necessitadas

in Diário de Notícias

Doze restaurantes do concelho de Santa Maria da Feira começam hoje a oferecer 60 refeições por semana a pessoas que, devido à sua situação de pobreza, não têm uma alimentação equilibrada.

A iniciativa, intitulada Rede de Restaurantes Solidários de Santa Maria da Feira, começou como uma experiência-piloto da autarquia local e envolve agora 12 restaurantes das três freguesias do concelho que se encontram mais próximas das famílias onde esse apoio alimentar se revela prioritário - Feira, Fornos e Paços de Brandão.

Na véspera do Dia Internacional para a Eliminação da Pobreza, que se assinala sábado, Manuela Coelho, chefe da divisão de Acção Social da autarquia, disse à Lusa que o projecto "procura concretizar um dos objectivos do milénio relativos à luta contra a pobreza".

Adianta ainda que essa é uma necessidade local, na medida em que "há muitas famílias do concelho que estão com problemas complexos ao nível do desemprego e têm muita dificuldade em obter uma alimentação condigna".

"Em época de crise, o que se compra mais são salsichas, atum, arroz e massa", observa a responsável, para quem "há pessoas que comem realmente muito mal".

A Rede Social de Santa Maria da Feira tem vindo a identificar e a apoiar famílias que estão a viver com dificuldades, mas Manuela Coelho sustenta que "ainda é difícil fazer o retrato real da situação [de carência do município], porque há muitos casos da chamada 'pobreza envergonhada' que não são fáceis de abordar".

"Evitar constrangimentos" é, por isso mesmo, um dos princípios-base da Rede de Restaurantes Solidários.

Manuela Coelho garante que "as pessoas que beneficiam das refeições gratuitas vão ser tratadas como qualquer cliente normal do restaurante e nem sequer serão identificadas à chegada, porque só no final do almoço é que apresentam o 'ticket-refeição' com que ficam isentas de pagar a conta".

"As pessoas têm a alternativa de levar a refeição para casa em vez de comerem no restaurante", acrescenta a responsável, "mas, fora isso, vão receber um tratamento perfeitamente normal".

Para Manuela Coelho, o projecto "é também uma forma de despertar a responsabilidade social da comunidade empresarial - neste caso a do sector da restauração - para o contributo que pode ter no esforço da luta contra a pobreza".

Nesta primeira fase, a iniciativa conta com 12 restaurantes que "têm demonstrado uma disponibilidade extraordinária para ajudar e fazem-no por pura generosidade, porque deixam claro que não querem publicidade à participação que têm no projecto".

"Há respeito pelo anonimato", garante Manuela Coelho, que "não quer expor nem quem beneficia das refeições gratuitas, nem quem as está a oferecer".

Na etapa seguinte, o objectivo é alargar a rede a outros restaurantes e "tentar envolver no projecto uma instituição particular de solidariedade social que possa disponibilizar um refeitório onde as pessoas que beneficiam destas refeições as possam recolher", evitando assim deslocações de maior distância.