30.11.09

Empresas portuguesas insatisfeitas com medidas de apoio

in Jornal de Notícias

A maioria das empresas portuguesas está insatisfeita com as medidas públicas de apoio à inovação, concentradas em apenas duas agências com falhas ao nível da "execução e eficiência".

De acordo com a análise dos primeiros resultados de um estudo que está a ser desenvolvido pela Comissão Europeia relativamente à eficiência das medidas de apoio à Inovação, citado pela INOVA +, empresa portuguesa ligada à maior rede privada europeia de serviços de inovação, "as empresas portuguesas, à semelhança do que acontece no resto da Europa, estão insatisfeitas com as medidas públicas de apoio" nesta área.

Mais de 52 por cento dos inquiridos, adianta a mesma fonte, seleccionados numa amostra de empresas e instituições de toda a Europa, "declaram que os programas de apoio não corresponderam às suas expectativas".

"Apesar destes resultados, apenas 38 por cento das Agências de apoio à Inovação dos países europeus envolvidos neste estudo declaram ter recentemente introduzido ou planeiam introduzir novas ou melhoradas medidas de apoio neste domínio", adianta o estudo.

"É preciso tomar medidas de 'via verde' que, de acordo com certos parâmetros, possibilitem uma avaliação muito mais rápida em que determinadas empresas de sectores considerados estratégicos possam ser apoiadas e dinamizadas em poucos meses", disse à Lusa Eurico Neves, representante de Portugal no Grupo Política Empresarial da Comissão Europeia.

O estudo traça um retrato, a nível europeu, das ajudas prestadas pelas agências de apoio à inovação e tem como base a consulta a 792 empresas e 428 "stakeholders".

Realizado entre 06 de Março e 31 de Maio de 2009, é unânime entre os 27 Estados-membros que os programas de apoio estão muito aquém das expectativas, com 81 por cento dos inquiridos a defenderem a introdução de medidas tipo 'via verde' para a avaliação e aprovação de projectos de sectores ou empresas considerados prioritários e com um apoio personalizado.

No entender de Eurico Neves, "há que fazer uma analogia entre estas agências e a evolução da banca nos últimos 20 anos" por forma a criar "mais gabinetes" de Norte a Sul do país.

Na medida em que "estes apoios à inovação são também um serviço, vão ter que se agilizar e modernizar como a banca se modernizou, logo, é preciso uma rede de balcões de proximidade", defendeu.

O IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas – e a AdI - Agência de Inovação - são as únicas instituições em Portugal que apoiam a inovação, e estão "centralizadas" em Lisboa e Porto, disse.

O segredo está em "olhar para as empresas como clientes e não como alguém que precisa de apoios", criando "uma estratégia comercial de captação [destes clientes] muito mais agressiva".

O presidente executivo da INOVA + sublinhou que "Portugal tem tido muitos apoios para inovação graças aos fundos estruturais da União Europeia, pelo que não é uma questão de dinheiro, mas de execução e de eficiência".

No entanto, "quando se pergunta às instituições se estão a pensar aplicar novas medidas, a maioria responde que não", pois isso implicaria uma profunda reformulação do seu modo de funcionamento.