30.12.09

Famílias com menos rendimentos no Verão

Lucília Tiago, in Jornal de Notícias

Antecipação do reembolso do IRS explica parte da quebra no rendimento dos particulares


O rendimento disponível das famílias caiu 1,1% no terceiro trimestre de 2009, mas esta quebra acabou por quase não se reflectir na taxa de poupança. Tudo porque os particulares também reduziram o consumo.

A antecipação, para o segundo trimestre, do reembolso do IRS e as baixas taxas de juro dos depósitos são dois dos factores que explicam a descida do rendimento disponível dos particulares, observada no ano acabado no terceiro trimestre de 2009. A quebra, medida pelo Instituto Nacional de Estatística, foi de 1,1% e contrasta com a variação positiva de 1,0% observada no trimestre anterior - tendo esta sido beneficiada pela chegada do "cheque" do Fisco à conta bancária de muitos portugueses.

Além do efeito do IRS, o rendimento disponível (medido em cadeia) foi ainda influenciado negativamente pela continuação das reduzidas taxas de juro dos depósitos e também pela diminuição das remessas dos emigrantes. Por tudo isto, a taxa de poupança das famílias caiu, mas apenas de forma ligeira: descendo dos 8,5% registados no ano acabado no segundo trimestre para os 8,3% no terceiro trimestre. O impacto na taxa de poupança não foi mais acentuado porque as famílias também reduziram as despesas de consumo.

Mas não foram apenas as famílias que refrearam as despesas de consumo. Ao nível das empresas, as Contas Nacionais Trimestrais por Sector Institucional, ontem divulgadas, assinalam que também as estas continuam a cortar no investimento. Este tipo de despesa "voltou a apresentar uma significativa diminuição" coma uma taxa de variação em cadeia de -4,7%, embora menos intensa do que a observada no ano terminado no segundo trimestre, quando a quebra foi de 10,1%.

Apesar de menos intenso do que no trimestre anterior, o decréscimo verificado no investimento das empresas foi, ainda assim, superior e mais acentuado do que a redução da actividade económica. Este travão nas despesas e a redução dos impostos correntes sobre rendimento e património pagos pelas empresas fizeram, entretanto, com que as necessidades de financiamento tenham diminuído de -8,6% para -7,4% do Produto Interno Bruto.