28.2.10

Cáritas alerta para aumento da pobreza

José Paulo Silva, in Correio do Minho

O presidente da Cáritas Arquidiocesana de Braga alertou, anteontem, para o agravamento da crise social no futuro imediato. “A pobreza está a aumentar e a recessão económica está longe de terminar, ao contrário do que afirmam certos analistas”, afirmou José Carlos Dias, na sessão de abertura do conselho geral da Cáritas Portugueses, cujos trabalhos encerram hoje no Centro Apostólico do Sameiro.
O responsável da Cáritas bracarense avisou que “os desafios que os próximos tempos nos re-servam são tremendos” e que “as dificuldades vão-se acentuar”, sobretudo para muitos dos actuais desempregados que per-derão o direito ao subsídio de desemprego.
José Carlos Silva defendeu que é preciso ajudar as pessoas em situação de desemprego ou em vias de perder as prestações sociais do Estado a viver com dignidade. “Quando as pessoas estiverem desprovidas de qualquer apoio”, a Cáritas deve estar preparada para ajudá-las.

No arranque dos trabalhos do conselho geral da Cáritas, em que o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social esteve em discussão, o bispo auxiliar de Braga, D.Manuel Linda, apontou o aumento das desigualdades entre ricos e pobres.

“Não queremos fazer aqui política de bota-abaixo, mas vemos que há gestores de topo a ganhar mais num dia do que ganham num ano agricultores do interior do país”, referiu o prelado.
Por isso, D.Manuel Linda destacou que a Igreja vê a Cáritas como um organismo determinante, não só em momentos de catástrofe, mas como ajudapermanente aos cristãos na tomada de consciência dos “vários géneros de pobreza”.

Cáritas em todas as paróquias

O bispo auxiliar desafiou “todas as paróquias sem excepção a terem algo parecido com a Cáritas, se possível um núcleo da Cáritas Arquidiocesana”.
D. Carlos Azevedo, o bispo que preside à Comissão Episcopal da Pastoral Social, reconheceu perante os representantes das várias Cáritas diocesanas que “a Diocese de Braga é daquelas que vê a pastoral social como um campo privilegiado de acção”.
No inicío dos trabalhos do conselho geral da Cáritas esteve também a vereadora da Acção Social, Palmira Maciel, que destacou “a participação muito activa da Cáritas na rede social de Braga, desde 2005”.
A autarca afirmou que a rede social concelhia “contribui para a consciência pessoal e colectiva dos problemas e insere-se na afirmação de uma nova geração de políticas sociais activas”. A Cáritas Diocesana integra o conselho local de acção social e faz parte do seu núcleo executivo.

Apelo de D.Jorge Ortiga

Depois de terem analisado ontem os programas diocesanos para o Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, os membros do conselho geral da Cáritas Portuguesa discutem hoje a próxima Semana Nacional da Cáritas e a campanha “Cáritas ajuda o Haiti”.
Hoje saber-se-à se os conselheiros seguirão a sugestão feita ontem pelo arcebispo de Braga e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Jorge Ortiga, para que o próximo Dia da Cáritas, a 7 de Março, “seja vivido de uma forma mais intensa” a favor das pessoas afectadas pelas cheias na ilha da Madeira.
O arcebispo, que hoje preside, na cripta do Sameiro, à missa de encerramento do primeiro conselho geral deste ano, referiu como fundamental a “interligação da Cáritas com o Estado”, desde que aquela não perca a identificação à doutrina social da Igreja.

Chile, depois do Haiti e Madeira

A Cáritas Portuguesa doa 50 mil euros para as vítimas do sismo que assolou, ontem, o Chile. Eugénio da Fonseca, presidente d a Cáritas Portuguesa, confessou uma “grande perplexidade” visto que “as coisas estão a acontecer inesperadamente e em catadupa com uma violência tal”.
Num país com “tantas carências teremos que reconhecer com muita humildade que não poderemos ser tão solidários como desejaríamos nestas circunstâncias”, disse Eugénio da Fonseca, à margem do conselho geral da Cáritas que termina hoje no Sameiro.
Ao nível das ajudas nestas catástrofes, a Cáritas Portuguesa prossegue com “o mesmo vigor o apoio ao Haiti (um país estruturalmente muito mais pobre que o Chile)” e “temos também o caso da Madeira, que não nossos concidadãos e na solidariedade é nos pedido que sejamos sempre solidários com quem está mais próximo” - frisou o presidente da Cáritas.
Em relação à tragédia do Chile, “não podemos dizer só palavras de conforto ao povo do Chile, apesar do esforço que temos que fazer - os nossos recursos são escassos - vamos dar 50 mil euros”.

Por sua vez, D. Carlos Azevedo, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, defendeu que é preciso encontrar “formas globais de ajuda”.
Também presente no conselho geral da Cáritas, D. Carlos Azevedo defendeu que “a globalização não deve ser apenas para os sucessos económicos, mas também para a vida solidária.
E concluiu: “Devemos ajudar-nos uns aos outros neste infeliz multiplicar de situações que obrigam à solidariedade”.

EVA apoia vítimas de violência doméstica

O desenvolvimento do Projecto EVA (Educar, Valorizar, Actuar) é uma das prioridades imediatas da direcção das Cáritas Arquidiocesana de Braga, revelou anteontem o seu presidente, José Carlos Dias.
O projecto EVA, financiado pelo Fundo Social Europeu, visa o apoio às vítimas de violência doméstica, um trabalho que a Cáritas já desenvolve desde 2006.
A articulação dos serviços de apoio existentes no concelho, a facilitação do alojamento social das vítimas de violência e o reforço do acompanhamento pós vitimação através de grupos de auto-ajuda são medidas que a Cáritas quer concretizar nos próximos dois anos.
Com o projecto , os responsáveis da Cáritas concretizam um plano local de combate à violência doméstica.
Eva Ferreira, a técnica da Cáritas de Braga que coordena o projecto, adiantou que o mesmo visa “dar continuidade ao trabalho desenvolvido no apoio às vítimas de violência doméstica”, nomeadamente com a criação do “Espaço Mulher” e com o projecto Atena.
Para além de reforçar o gabinete Espaço Mulher”, a Cáritas vai agora “desenvolver algumas acções complementares para melhorar o apoio às vítimas de violência doméstica”, adiantou ao ‘Correio do Minho’ aquela psicóloga.
A pensar também nas vítimas de violência doméstica, a Cáritas Arquidiocese projecta a ‘Casa Alavanca’.
Num imóvel do centro da cidade, propriedade da Arquidiocese, serão criadas condições de alojamento para situações emergentes de violência domésticas e para apoio a outros desalojados que surjam nas paró-quias.
Este projecto encontra-se parado por dificuldades surgidas com a elaboração dos estudos técnicos.

Ideia de D.Jorge

Para além de um apartamento que permitirá responder , em simultâneo, a duas situações de emergência, a ‘Casa Alavanca’ disporá de uma sala para acções de formação e dois gabinetes para apoio e orientação às vítimas de violência doméstica. A ideia da ‘Casa Alavanca’ foi lançada há cerca de um ano pelo arcebispo primaz de Braga, tendo revertido para o projecto as receitas da renúncia quaresmal de 2009.