24.2.10

Clima continua a ser negociado

in Jornal de Notícias

O acordo de Copenhaga não foi vinculativo, mas uma centena de governos já transmitiram às Nações Unidas as metas de redução de emissões que estão dispostos a cumprir. Novas rondas de negociações preparam agora a conferência do México no fim do ano.

As Nações Unidas anunciaram ontem que as negociações formais sobre um novo acordo climático internacional serão retomadas no próximo mês de abril, em Bona, Alemanha, quatro meses depois do fracasso da cimeira de Copenhaga.

O anúncio foi feito pelo secretário executivo da Convenção das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, o holandês Yvo de Boer.

O responsável, que anunciou recentemente a sua demissão, afirmou que o calendário de negociações será intensificado com o objectivo de garantir um novo compromisso até ao final do ano.

Em Bona, as reuniões preparatórias irão decorrer entre 9 e 11 de Abril, estando igualmente agendados novos encontros entre 31 de Maio e 11 de Junho.

A saída de De Boer será efectiva a 1 de Julho, cinco meses antes da próxima conferência sobre o clima, marcada para Cancun, México, entre 29 de Novembro e 10 de Dezembro.

O responsável afirmou ontem também que, desde a cimeira de Copenhaga, cerca de 100 países assumiram metas individuais de redução de emissão de gases com efeito de estufa, compromissos que podem contribuir para "o sucesso em Cancun".

Não obstante, De Boer não está optimista quanto à possibilidade de se chegar a acordo sobre o clima já este ano, no México. "Penso que será muito difícil", disse.

De entre os cem países que se associaram ao acordo de Copenhaga, 60 estipularam também metas nacionais para a redução de emissões de gases com efeito de estufa com o horizonte de 2020. As nações mais ricas propuseram-se também a um plano de ajudas financeiras às mais pobres no valor de cerca de 22 mil milhões de euros.

Os compromissos, que não têm na sua base nem a obrigatoriedade de cumprimento nem uma plataforma fixa de redução das emissões, variam dos 5% aos 30% (neste último caso estão a Noruega e o Mónaco). A União Europeia continua a admitir baixar as emissões até 30%, no caso de grandes poluidores a acompanharem nesse esforço.

A contabilidade do esforço de cada país dificulta comparações, dado que são adoptados critérios muito distintos. Nuns casos são tomadas como referência as emissões dos anos de 1990 ou 1995 ou ainda 2005 (como foi adoptado pela China). Esta grande economia emergente adoptou também como critério a medida da "intensidade carbónica", que relaciona o Produto Interno Bruto com as emissões e a sua população, o que lhe permitirá aumentar as emissões, ainda que a ritmo mais lento.

Há países que rejeitaram expressamente o acordo. Entre eles contam-se o Equador e o Kwait. As Filipinas só o subscreveriam se os países desenvolvidos fizessem cortes mais drásticos.