29.3.10

Maioria do crime em Portugal está ligado a outros países

in Jornal de Notícias

Crime transnacional


Com criminosos e redes organizadas cada vez mais apetrechadas a explorarem uma população deprimida pela crise económica, a colaboração entre polícias europeias é essencial para as travar, defende o director da Europol.

"O que vemos hoje são criminosos muito inteligentes, com muitos recursos, mão-de-obra e dinheiro. Têm a capacidade de explorar novas oportunidades na sociedade e nos governos para praticar crimes", disse Rob Wainwright em entrevista à Agência Lusa.

Todos os anos, a Europol coordena as polícias europeias na investigação a "mais de dez mil casos" de crimes praticados por redes criminosas internacionais, por vezes com operações simultâneas em vinte países. "Hoje, há muito poucos exemplos de um problema criminal que esteja isolado num só país e a maior parte dos crimes praticados em Portugal estão ligados a pelo menos um outro país ou provêm mesmo de outros países", disse Rob Wainwright, afirmando que a polícia portuguesa conta com a Europol "para lhe fornecer informação, para lhe dizer onde procurar, quem deve vigiar e quem deve prender".

Sem "capacidade operacional", a Europol concentra-se em fornecer informações e coordenar operações simultâneas em vários países, servindo-se para isso de "cerca de 700 peritos" dispersos pelas várias polícias europeias. "Estou satisfeito com esta organização. É nos próprios países, como no caso de Portugal, com a PJ, que a autoridade operacional deve estar. É a PJ que tem a capacidade operacional, que trabalha todos os dias contra estes criminosos", afirmou Rob Wainwright.