29.3.10

Trocar a especialidade por um emprego

in Diário de Notícias

Licenciado há sete meses, Carlos Costa também ingressou no Hospital Júlio de Matos, mas o vencimento chega-lhe mediante a entrega de recibos verdes. "Trabalho para um empresa de prestação de serviços. Foi a única oferta que surgiu, apesar de ter enviado inúmeros currículos para hospitais", conta o enfermeiro de 26 anos.

A saúde mental é uma das áreas que mais o atraem, mas teve de abdicar da formação adicional em nome do emprego. "Sou pago à hora pela empresa, mas faço horários mais longos do que os outros enfermeiros, neste caso, de 42 a 44 horas por semana". Um horário que "me obrigou a desistir da pós-graduação em saúde mental e psiquiatria. Comecei em Outubro e desisti em Janeiro. Só consegui ir a uma aula até àquela altura".

Sem subsídio de refeição e pagamentos adicionais pelos feriados ou horas nocturnas, continua a entrar em concursos e a mandar currículos. "Éramos 12 enfermeiros a recibos verdes na unidade, mas agora já somos só dois. Dizem-nos que vamos ficar até Julho, mas nem isso é garantido"

Dependente dos pais, diz que as propostas de empresas noutros países são apelativas. "Tenho tentado concorrer a empregos na Finlândia ou no Canadá, mas são processos morosos", lamenta.