29.4.10

“Não é cortando nos apoios sociais que se combate a crise”, diz presidente do Instituto da Segurança Social

Bruno Oliveira, in o Ribatejo

O presidente do Instituto da Segurança Social (ISS) considera que o problema da crise económica e financeira “não se resolve” com cortes nos apoios sociais.

Edmundo Martinho, que participou na apresentação do projecto “(Re)Ver a Pobreza” em Santarém, afirmou que “o combate à crise não pode comprometer o combate à pobreza e à exclusão social”. “Não é cortando nos apoios sociais que se combate a crise”, salientou ainda o presidente do ISS, em resposta a algumas críticas de responsáveis de IPSS da região e também do presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT), sobre o que consideram ser casos de “falsa pobreza”.

Sousa Gomes, que também participou nesta sessão, chegou mesmo a catalogar vários tipos de pobres, apelando aos organismos públicos e à comunidade para “denunciar casos de “oportunismos” no recebimento de apoios sociais.

Para o também presidente da Câmara de Almeirim, existem “os pobres estruturais”, aqueles que, segundo o autarca, sempre foram pobres e que vivem em condições disfuncionais na sociedade; “os novos pobres”, aqueles que estão em situações de desemprego e que foram afectados pela crise mais recente; e ainda os “falsos pobres”, que, para Sousa Gomes, são aqueles que não deveriam receber apoios por estarem a “falsear os sistema”.

Edmundo Martinho afirmou que se devem combater os eventuais abusos no recebimento dos apoios sociais mas salientou que, por exemplo no caso do Rendimento Social de Inserção, existe “muita fiscalização”. O presidente do IPS referiu ainda que o tempo médio de permanência neste sistema de apoios é de 22 meses. O presidente do ISS rejeita que os beneficiários do RSI tenham que prestar serviços à comunidade enquanto recebem esta prestação social, afirmando que as pessoas nesta situação “devem ser estimuladas a procurar trabalho remunerado que lhes permita deixar de receber apoios públicos”.

“Os pobres e desempregados não podem ser bodes expiatórios de empresas que sabem organizar-se”, disse ainda Edmundo Martinho, deixando ainda críticas a alegados “responsáveis pela crise que continuam a querer estar na crista da onda a procurar ter uma palavra sobre as soluções para o problema que criaram”.

Nesta sessão foram ainda entregues os prémios do concurso de desenhos, fotografias e textos, que está integrado no projecto “(Re)Ver a Pobreza”, uma iniciativa que, a nível do distrito de Santarém, é coordenada pelo núcleo da Rede Europeia Anti-Pobreza (REAPN). Participaram neste concurso 75 trabalhos mas, segundo o coordenador do núcleo distrital da REAPN, o objectivo é chegar aos 500 trabalhos. Participam neste projecto os 11 concelho da Lezíria do Tejo. A iniciativa tem um financiamento nacional de 600 mil euros, dos quais 300 mil são provenientes de fundos comunitários europeus.