31.5.10

Crise não pode afectar sobretudo os pobres

in Agência Ecclesia

Bispo de Beja denuncia lucros elevados de empresas fornecedoras de bens essenciais
A procura de soluções para a crise não pode agravar as diferenças entre ricos e pobres e afectar sobretudo estes.

Na sua crónica semanal, na Rádio Pax, de Beja, D. António Vitalino pergunta-se se “as medidas do plano de estabilidade e crescimento (PEC), recentemente agravadas com o apoio dos dois maiores partidos, certamente necessárias para não cairmos na bancarrota e, nesse caso, na pobreza absoluta, irão afectar os mais pobres e aumentar as desigualdades no nosso país, ou, pelo contrário, se aproximarão os níveis de rendimento de todos os portugueses, unindo-os nos esforços comuns na luta contra a crise, reduzindo o défice das contas públicas, cortando nos gastos supérfluos e onerando os rendimentos exagerados?”

Para o Bispo de Beja, um sinal contraditório está no aumento de lucros em empresas fornecedoras de bens essenciais.

“Não se compreende que empresas fornecedoras de bens essenciais, como por exemplo a EDP, a GALP e a TELECOM, tenham lucros elevados à custa da subida dos preços dos seus produtos para os consumidores e distribuam, simultâneamente, altos dividendos pelos seus sócios e atribuam prémios escandalosos aos seus administradores”, refere D. António Vitalino.

No Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, o Bispo de Beja receia que, ao contrário do que se previa, “os governos dos países mais ricos, preocupados com os problemas que a crise suscita nos respectivos países, se esqueçam das obrigações contraídas, de modo que na Europa e no mundo aumente o índice de pobreza e de exclusão, e, o que é mais grave, se acentuem as desigualdades sociais, sendo os pobres os mais sacrificados com a crise”.

Triste contradição e maldita fatalidade!”, sublinha o Bispo de Beja nesta crónica de rádio semanal.