22.5.10

Oficina social já tem lista de espera

Luís Garcia, in Jornal de Notícias

Para integrar desempregados e pessoas em risco de exclusão, um grupo de moradores da Apelação, em Loures, criou uma oficina social no final do ano passado. Desde ontem, dispõem de instalações próprias para aprender, ensinar e fazer trabalhos manuais.

Anabela Santos, 35 anos, ainda está a dar os primeiros passos com a linha e a agulha, mas já vai fazendo umas pequenas flores de tecido para enfeitar malas, pregadeiras ou outros objectos. Desempregada há vários anos, inscreveu-se na oficina social da Apelação assim que soube da sua existência. "Depois de deixar a minha filha na escola, tenho o dia livre e posso vir para aqui, que sempre me ocupo", diz Anabela Santos.

Foi precisamente a pensar em casos como este que Sónia Cardoso, uma comerciante local, resolveu criar o projecto, que foi avançando sem instalações próprias. No entanto, a partir de ontem, a oficina social tem um espaço cedido pela Câmara de Loures na Casa da Cultura da Apelação.

Novas perspectivas

Com um espaço a sério, abrem-se novas possibilidades, entre as quais a de dar formação em áreas como o "patchwork" (confecção de objectos com trapos), a pintura em cerâmica e até a manicure e a pedicure geriátricas. "O nosso objectivo é ensinar pessoas a prestar este serviço à população idosa para que possam encontrar trabalho nessa área", explica Sónia Cardoso.

Actualmente, há 30 pessoas inscritas para aprender os vários ofícios, mas já existe lista de espera. A formação é ministrada por meia dúzia de voluntários. Depois de confeccionados, os produtos são vendidos no comércio local e em feiras de artesanato, revertendo o grosso dos lucros para os próprios artesãos, que poderão amealhar assim alguns euros.

Outra dos objectivos é ligar os moradores da zona histórica da Apelação ao problemático bairro Quinta da Fonte. Para João Leitão, 61 anos, colaborador voluntário, o objectivo já se transformou em realidade. "As pessoas lá de baixo [Quinta da Fonte] não vinham cá acima. Agora já vimos sem qualquer problema", diz o artesão. "Temos de ser nós a mostrar que isto é um sítio bom para se viver."