31.5.10

Os Bancos Alimentares Contra a Fome

in Notícias Lusófonas

Em Portugal existem 20 por cento de pobres, outros tantos no limiar da pobreza e 700 mil desempregados

Os Bancos Alimentares Contra a Fome recolheram em Portugal no passado fim-de-semana um total de 2.006 toneladas de géneros alimentares na campanha realizada em mais de 1400 superfícies comerciais das zonas de Abrantes, Algarve, Aveiro, Braga, Coimbra, Cova da Beira, Évora e Beja, Leiria-Fátima, Lisboa, Oeste, Portalegre, Porto, Santarém, Setúbal, S. Miguel, Viana do Castelo e Viseu.

A quantidade agora recolhida compara com 1931 toneladas recolhidas em Maio de 2009, ou seja, um acréscimo de 3,9%.

Os resultados obtidos voltam a evidenciar uma extraordinária adesão da parte dos portugueses para com esta acção, apesar do clima de profunda crise económica, confirmando não só as suas tradicionais generosidade e solidariedade, mas também a confiança que depositam no projecto do Banco Alimentar Contra a Fome enquanto fiel depositário e garante de uma distribuição adequada das suas contribuições destinadas aos mais necessitados.

“Por mais pequena que seja a sua contribuição, a sua ajuda é enorme” foi a frase forte da campanha e o resultado prova-o bem.

A maior acção de voluntariado

28 mil voluntários disponibilizaram algum do seu tempo durante o fim-de-semana para participar na campanha de recolha. Tarefas como a recolha nos estabelecimentos comerciais, o transporte, pesagem e separação dos produtos, foram integralmente asseguradas por voluntários, confirmando assim a adesão entusiástica ao projecto dos Bancos Alimentares Contra a Fome. Os géneros alimentares recolhidos serão distribuídos a partir da próxima semana a mais de 1.700 Instituições de Solidariedade Social que os entregam a cerca de 275 mil pessoas com carências alimentares comprovadas, sob a forma de cabazes ou de refeições confeccionadas.

Trata-se da maior acção de voluntariado organizada em Portugal, mostrando que a acção conjunta de todos os agentes de solidariedade gera resultados muito superiores aos que seriam obtidos se cada um deles resolvesse agir de forma isolada.

Ao longo da próxima semana, até 6 de Junho, haverá ainda a possibilidade de contribuir para os Bancos Alimentares Contra a Fome através da Campanha “Ajuda Vale”, presente em todas as lojas das cadeias Pingo Doce/Feira Nova, Dia/Minipreço, El Corte Inglês, Jumbo/Pão de Açúcar, Lidl, Modelo/Continente. Nesses estabelecimentos serão disponibilizados em suportes próprios cupões-vale de produtos seleccionados (azeite, óleo, leite, salsichas, atum e esparguete). Cada cupão representa uma unidade do produto (por exemplo, “1 litro de azeite”, “1 litro de leite”, etc.). Este cupão, para além de mencionar que se trata de uma entrega destinada aos Bancos Alimentares Contra a Fome, refere de forma clara a identificação do tipo de produto, da unidade e do correspondente código de barras, através do qual é efectuado o controlo das dádivas. Ao efectuar o pagamento, o dador entrega o cupão “Ajuda Vale” na caixa registadora. A logística de recolha e transporte para os Bancos Alimentares contra a Fome fica a cargo da cadeia de distribuição aderente. As doações são auditadas por uma empresa externa especializada.

Também na rede de cerca 3700 lojas Payshop espalhadas por todo o País é possível contribuir para esta campanha, efectuando uma doação em dinheiro que será convertida em leite e dará lugar à emissão de recibo.

Alguns dados relativos à actividade

A actividade dos Bancos Alimentares Contra a Fome prolonga-se ao longo de todo o ano. Para além das campanhas de recolha em supermercados, organizadas duas vezes por ano, os Bancos Alimentares Contra a Fome recebem diariamente excedentes alimentares doados pela indústria agro-alimentar, pelos agricultores, pelas cadeias de distribuição e pelos operadores dos mercados abastecedores. São assim recuperados produtos alimentares que, de outro modo, teriam como destino provável a destruição. Estes excedentes são recolhidos localmente e a nível nacional no estrito respeito pelas normas de higiene e de segurança alimentar. Deste modo, para além de combaterem de forma eficaz as carências alimentares, os Bancos Alimentares Contra a Fome lutam contra uma lógica de desperdício e de consumismo, apanágio das sociedades actuais.

Recolha nacional, ajuda local

Os Bancos Alimentares Contra a Fome distribuem, ao longo de todo o ano, os géneros alimentares recorrendo a Instituições de Solidariedade Social por si seleccionadas e acompanhadas em permanência. Incentivam as visitas domiciliárias e o acompanhamento muito próximo e individualizado de cada pessoa ou família necessitada por estas instituições, de forma a ser possível efectuar, em simultâneo, um verdadeiro trabalho de inclusão social.

Em 2009, os catorze Bancos Alimentares Contra a Fome operacionais distribuíram um total de 23.100 toneladas de alimentos (equivalentes a um valor global estimado superior a 26.2 milhões de euros), ou seja, um movimento médio de 90,3 toneladas por dia útil.

A actividade dos Bancos Alimentares norteia-se pelo princípio genérico da “recolha local, ajuda local”, aproximando os dadores dos beneficiários e permitindo uma proximidade entre quem dá e quem recebe. Possibilita o encontro entre voluntários e instituições beneficiárias, por um lado, e entre fornecedores da indústria agroalimentar, empresas de serviços, poder públicos e o público em geral, em especial durante os fins-de-semana das campanhas de recolha, em que todos trabalham lado a lado por uma causa comum: a luta contra as carências alimentares e a fome.

O primeiro Banco Alimentar Contra a Fome surgiu em Portugal em 1992 e estão actualmente em actividade no território nacional 17 Bancos Alimentares, congregados na Federação Portuguesa dos Bancos Alimentares, com o objectivo comum de ajudar as pessoas carenciadas, pela doação e partilha. Existem 232 Bancos Alimentares operacionais na Europa, que, em 2009, distribuíram 294.500 toneladas de produtos a 4,5 milhões de pessoas, através de 27.000 associações (www.eurofoodbank.org).