29.6.10

Dez minutos para conseguir emprego

por Patrícia Jesus, in Diário de Notícias

Empresas apostam em entrevistas rápidas a candidatos em vez de currículos


Uma boa apresentação, um aperto de mão seguro sem ser bruto e não evitar o olhar do entrevistador - três pormenores para começar uma entrevista de emprego com o pé direito. Afinal, não há segundas oportunidades para causar uma boa primeira impressão. Sobretudo quando essa oportunidade dura apenas 10 minutos.

No caso de Susanne demorou menos: a partir do momento em que se sentou levou oito minutos a falar da sua experiência e a explicar porque é que é a pessoa indicada para o emprego de formadora. Nem as expectativas em relação a horários e salário ficaram fora da minientrevista. A designer de 35 anos aproveitou o dia aberto da Training Ready, que queria recrutar formadores. E gostou da ideia. "Há uma mais-valia para nós em estar aqui, é diferente de enviar um currículo e não haver contacto e muitas vezes nem resposta", diz. E agora resta-lhe esperar para saber se haverá uma segunda entrevista.

A empresa lançou a ideia na Internet e nas redes sociais - no Facebook e no LikedIn - e só na parte da manhã recebeu mais de 40 pessoas interessadas. As sessões serviram para substituir a tradicional selecção inicial através dos currículos, explica Catarina Correia.

A tendência, no entanto, é internacional, aponta Pedro Amorim, director da Hays, empresa especializada em recrutamento. O conceito é parecido com o de speed dating, em que uma pessoa tem apenas alguns minutos para seduzir outra, mas aqui aplicado ao emprego. O candidato tem 10 a 15 minutos para seduzir o potencial empregador e conseguir uma segunda entrevista. Aliás, já é usado em algumas universidades portuguesas, que reúnem alunos e empresas para career speed dating.

"Numa entrevista de emprego, a impressão dada nos primeiros dois minutos equivale a 80% do peso da entrevista", assegura Pedro Amorim.

Mas para o especialista este terá sempre de ser um primeiro passo, porque "10 minutos não são suficientes para avaliar competências". Para substituir o currículo, por outro lado, é vantajoso para candidatos por permitir um contacto "cara a cara", considera.

Um contacto que permite aos recrutadores ter mais informações do que as dadas por uma pilha de currículos. E que, para a empresa, multiplica as oportunidades de encontrar um "achado", diz o recrutador João Teixeira.