25.6.10

Educação tem "papel estratégico" no combate à pobreza – Artur Santos Silva

in destak@destak.pt

O presidente da Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República defendeu hoje que a educação tem um “papel estratégico no combate à desigualdade e à pobreza”, considerando serem igualmente necessárias “políticas mais eficazes de redistribuição do rendimento”.

Ao discursar na VI Jornada da Pastoral da Cultura, subordinada ao tema “Elogio da igualdade”, que se realizou em Fátima, Artur Santos Silva sustentou ainda, além da formação ao longo da vida, a importância de pessoas e empresas estarem “mais mobilizadas para a responsabilidade social”, ajudando a “resolver muitos problemas que o Estado, só por si, não pode resolver”.

Apontando áreas do Estado que contribuíram para o combate à pobreza e desigualdade, como a saúde ou a educação, o presidente do conselho de administração do banco BPI alertou, contudo, que o país tem “de dar uma grande atenção ao problema que é a qualidade do ensino e o combate ao insucesso escolar”.

A propósito de ensino, acrescentou que “o grande ideal da República não totalmente bem conseguido foi o da educação como vector da redução das desigualdades”, atribuindo esta situação à forma como foi “tratada a questão religiosa”.

Abordando a evolução da igualdade no país, o responsável defendeu a necessidade de “contrariar um modelo de crescimento assente em baixos salários” e considerou ser “muito importante acentuar a actividade agrícola, torná-la mais eficiente”.

Para Artur Santos Silva, é igualmente “fundamental alargar o período de produtividade das pessoas, adiando a passagem à reforma, até por razões de sustentabilidade do sistema de pensões”.

Também Carlos Fiolhais, cientista e director da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, considerou que a questão da igualdade e desigualdade no caso português “tem muito a ver com a educação e o acesso à educação”.

“Não temos muita gente na escola e a aprendizagem não é boa”, declarou, reconhecendo que os “problemas com a educação têm um lastro muito grande”.

“A escola é demasiado uniforme”, declarou, defendendo que, neste âmbito, “é preciso, por vezes, a desigualdade” e “enfrentar a questão da diferenciação na escola”.

Já o bispo do Porto, Manuel Clemente, sustentou que “a igualdade social tem de ser necessariamente subsidiária - ninguém substituindo ninguém – como também solidária”, admitindo, no entanto, que “na massificação não há lugar para a igualdade” e “entre anónimos não cresce a reciprocidade”.

A iniciativa culminou com a entrega do prémio, instituído pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura que organizou a jornada, “Árvore da Vida – Padre Manuel Antunes” à Diocese de Beja.

O júri, que anunciou a sua atribuição em Abril, justificou a decisão com “a forma criativa e empenhada” com que Beja “tem sabido colocar a cultura como campo prioritário da missão da Igreja”, classificando este trabalho como um “testemunho” para as dioceses portuguesas”.