23.7.10

Igreja Católica portuguesa defende "pacto social justo" em tempo de crise

in SIC

O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social alertou, ontem, que "a crise é tão grave" que Governo e oposição, patrões e sindicatos devem superar os conflitos "uns com os outros", porque isso "só provoca mais vítimas". Em conferência de imprensa no final da reunião extraordinária do Conselho Consultivo da Pastoral Social, que se realizou em Lisboa, Carlos Azevedo, que é também bispo auxiliar de Lisboa, pediu a todos "mais responsabilidade social e política perante a crise" e "soluções corajosas" para a ultrapassar.

Igreja Católica defende mais solidariedade das empresas e dos políticos com os pobres
Notícias Dinheiro "Todos têm um contributo a dar", enfatizou Carlos Azevedo, considerando que numa época de crise os empresários têm a "obrigação moral em investir".

Sublinhou, contudo, que esse investimento desse ser feito em "bens verdadeiramente úteis" e não em "realidades virtuais" que estiveram na base da crise financeira mundial.

Nessa linha, observou que é preciso "ultrapassar o capitalismo neoliberal", pois a crise é também uma "crise de valores".

O bispo auxiliar de Lisboa, que apelou a um "pacto social justo", apontou "desigualdades gritantes" e "realidades dramáticas" que afetam os mais desfavorecidos e lembrou que o rendimento de inserção social é uma "ajuda fundamental" para muitos ultrapassarem a sua pobreza profunda.

Um trabalho "de educação das consciências e das mentalidades para algo novo", uma "alteração dos hábitos de consumo cada vez mais enraizados" e uma maior "partilha de bens" e solidariedade com os mais pobres foram outros caminhos traçados.

Carlos Azevedo afastou a ideia que este encontro tenha sido uma resposta ao ante-projecto de revisão constitucional do PSD, alegando que a reunião já estava marcada há muito tempo.

Excesso de consumismo

Por outro lado, comentou a abertura prolongada das grandes superfícies comerciais ao domingo, decidida hoje pelo Conselho de Ministros, dizendo que é algo "em linha com um estilo de vida baseado no consumo".

Criticou também o apelo ao consumo feito por alguns bancos que, em seu entender, "é obsceno".

A Comissão lembrou também que situações extremas de pobreza e fome podem conduzir à revolta e à violência, numa sociedade de desigualdades, em que gestores ganham "ordenados fabulosos" e pessoas que cometem atos lesivos de "milhões de euros" ficam sem castigo.