"O que tem valido é o recurso aos imigrantes"

in Diário de Notícias

Mão-de-obra em falta representa cerca de 20% das necessidades de pessoal, revelou o presidente da ACIP.

É nas áreas de distribuição e atendimento que o sector da panificação mais tem sofrido com a falta de mão-de-obra, revelou ao DN Carlos Alberto dos Santos, presidente da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação (ACIP). Segundo este responsável, a nível nacional, "a falta de pessoal ronda os 20% em cada empresa de panificação".

Na origem da escassez de mão-de-obra não está a falta de formação, "até porque para a maior parte das áreas em que há menos gente não é preciso ter formação específica", nem nas remunerações disponibilizadas pelos empresários, já que "os salários médios rondamos 600 ou 700 euros e, em alguns casos, podem chegar aos mil euros, dependendo da experiência dos trabalhadores". Na opinião de Carlos Alberto dos Santos, "o grande problema é que a maior parte das pessoas prefere ficar em casa a receber o subsídio de desemprego do que procurar ofertas e voltar a trabalhar". "Há um problema de mentalidade, as pessoas acham que se podem ficar em casa e receber um subsídio, então não há razão para ir procurar emprego", lamentou.

De acordo com o mesmo responsável, outro factor que pode explicar a falta de pessoal com disponibilidade para preencher as vagas do sector tem que ver com as formações organizadas pelos centros de emprego. "O que se nota é que há gente no desemprego que não faz outra coisa a não ser participar em formações. Para não perderem direito ao subsídio, fazem umas atrás das outras e, enquanto isso acontece, sectores como a panificação ou a restauração desesperam com falta de pessoal", desabafou Carlos Alberto dos Santos.

O presidente da ACIP, ele próprio dono de uma empresa de panificação em Arganil, revelou ao DN que "o que até aqui tem valido é o recurso aos imigrantes", sobretudo brasileiros. "É este tipo de mão-de-obra que tem permitido colmatar algumas falhas, mas não resolve o problema", queixa-se.