2.8.10

Casal espera preocupado pelo fim do mês

por Paulo Julião, Viana do Castelo, in Diário de Notícias

"Não sei como vai ficar a situação, mas, se ainda nos derem menos dinheiro, vai ficar muito complicado, como já está. Porque quem consegue viver com 300 euros?" O desabafo é de André, agora com 41 anos e que juntamente com a mulher conta todos os meses com 310 euros do rendimento social de inserção (RSI) e mais duas pequenas pensões dos dois filhos menores. A este rendimento retiram cem euros para a casa, em Viana do Castelo, e o que sobra mal dá para comer. "Roupa só a que nos dão e carne não dá para todos os dias, nem pensar. Pelo menos os miúdos comem melhor na escola, nós vamo-nos desenrascando", acrescenta o marido de Teresa. O casal e os seus dois filhos - um de cada um -, de nove e 14 anos, foram atirados para a pobreza devido a "contingências da vida". "É muito difícil. Não há trabalho", confessa a mulher, admitindo que apenas alguns "biscates" do companheiro ajudam a compor melhor o orçamento. "Agora, falam que vão apertar com quem recebe o rendimento, que vão deixar de nos pagar. Estou muito preocupada, porque não temos outro sustento e qualquer euro que nos cortem vai fazer-nos muita falta", diz ainda. André recebe todos os meses um cheque de 180 euros, referente ao rendimento social de inserção, e a companheira recebe um outro de apenas 130 euros. Há um ano que é sempre assim. "O trabalho correu-me mal e nunca mais me consegui levantar. Com a minha companheira, que a conheci na altura, aconteceu o mesmo." Divorciados, têm cada um o seu filho e dizem que até nem se importavam de trabalhar. "Desde que me adaptasse", desabafa Helena, acrescentando que nos últimos meses tratar dos filhos tem sido a única ocupação. Para já, o casal prefere esperar pelos próximos cheques, para ver as diferenças.