21.9.10

O começo da austeridade

in Jornal Público

O novo máximo nos diferenciais das taxas de juro da dívida pública portuguesa relativamente à Alemanha, que foi ontem atingido, ultrapassa o recorde de uma histórica sexta-feira do passado mês de Maio. No dia 7 desse mês, os mercados sofreram um autêntico ataque de ansiedade e, de uma forma assustadoramente rápida, pareceram acreditar que a Grécia, juntamente com Portugal e Espanha, estava a caminho da falência.

As taxas de juro praticadas nos títulos de dívida pública aumentaram de tal maneira (no caso português, mais de 0,4 pontos percentuais), que, ao fim do dia, os dirigentes europeus iniciaram a cimeira europeia que estava agendada para Bruxelas sabendo que nada voltaria a ser como dantes. Desse encontro, além do anúncio de acordo na criação de um fundo de emergência europeu para os países que entrem em dificuldades orçamentais, saiu também a promessa, feita logo à porta da cimeira, de introdução de severas medidas de austeridade nos países que apresentavam mais problemas.

José Sócrates mudou radicalmente de discurso e anunciou a necessidade de implementar novas medidas de controlo orçamental, abriu a porta a subidas de impostos e garantiu que o défice de 2010 iria ser ainda mais baixo do que o previsto. Desde esse momento, tem-se vindo a assistir progressivamente ao abandono, por parte do Governo, de uma série de prioridades políticas.

No PEC 2, os impostos voltaram a subir e uma série de apoios sociais e despesas de estímulo à recuperação económica foram retirados. Ao contrário do que pensavam os mais optimistas, nem esse documento nem o fundo de emergência europeia chegaram para acalmar os mercados, forçando o executivo a continuar a abandonar outras bandeiras, como o TGV. S.A.