25.10.10

Agência treina desempregados para criarem o seu emprego

por Rita Carvalho, in Diário de Notícias
Vinte cinco pessoas de bairros carenciados acabam formação. Há quem vá montar negócios com microcrédito


Enquanto escreve no quadro, a formadora alerta que é preciso avaliar bem os custos fixos da empresa antes de a lançar no mercado. "Vou tentar minimizá-los ao máximo, cortar no que puder", comenta Maria José, 41 anos, que ainda não montou o seu negócio de transporte privado, mas já sabe que o sucesso dependerá da gestão criteriosa das despesas. Na última sessão de formação promovida pela DNA, agência de empreendedorismo de Cascais, 25 potenciais microempresários de bairros sociais carenciados recebem as últimas dicas antes de deitar mãos à obra.

Clara quer montar uma engomadoria; Maria João, um serviço de consultas de psicologia; Paula, uma empresa de manicura; enquanto Amílcar e Ilídio sonham criar uma marca de roupa. Há ideias para aplicar nas mais variadas áreas e muita vontade de passar à prática.

Ao longo de 150 horas, estes 25 empreendedores, seleccionados entre mais de 80 dos bairros carenciados do concelho, tiveram noções de contabilidade, marketing, finanças pessoais e contacto com o cliente. Há quem tenha apenas o 9.º ano, mas também licenciados à procura de uma oportunidade.

Agora, depois de criado o pla-no de negócio e avaliada a viabi- lidade económica de cada pro- jecto, a DNA vai seleccionar um grupo de dez que serão apoia- dos nos primeiros meses de vida.

Alguns têm dinheiro para avançar com o negócio, até porque já o fazem de forma informal, mas outros serão financiados pelo micro-crédito e com o apoio da agência municipal, explicou ao DN Marta Andrada, gestora de projecto. "Queremos provocar mobilidade social, contrariando sinais de facilitismo e situações que perpetuam o desemprego", disse ao DN Mariana Ribeiro Ferreira, vereadora da Acção Social. Os candidatos são pessoas em risco de exclusão social ou que já desenvolviam uma actividade, mas de forma informal e sem competências específicas.

Ao longo de vários meses, foram treinados no seu espírito empreendedor. "Queremos premiar o mérito e proporcionar oportunidades. O facto de terem tantas horas de formação, sem qualquer subsídio ou apoio, é uma forma de combater vícios instalados."