25.10.10

"Não é fácil cortar mais nas despesas"

João Paulo Costa, in Jornal de Notícias

"Pode ser um vício da profissão, mas a palavra poupança sempre foi usada em casa". Fernando Matos, 36 anos, economista, residente em Aveiro, pai de dois filhos, tem rendimentos acima da média, mas o facto de ter ganho, no ano passado, 66 mil euros, juntamente com a mulher Ana Luísa, 36 anos, professora, não o impede de querer "apertar o cinto" nos próximos tempos.

"Não vai ser fácil cortar mais nas despesas (ver infografia) porque já usamos marcas brancas, comemos poucas vezes em restaurantes, compramos roupa e calçado nos saldos e nos últimos anos passámos férias na praia da Barra, perto de casa. Talvez possamos poupar na electricidade", diz Fernando.

O economista admite, no entanto, equacionar investimentos previstos, nomeadamente a instalação do aquecimento central na casa comprada recentemente. Fernando não tem dúvidas que no próximo ano a família vai ganhar menos, "desde logo por via das deduções fiscais que limitarão substancialmente as despesas". No ano passado, Fernando e Ana receberam 3600 euros do "ajuste de contas" do IRS.

A qualidade de vida também não será a mesma, particularmente para Ana Luisa, professora do 3.º ciclo e Secundário em S. João da Madeira, que deixou de utilizar a A29 devido às portagens na ex-SCUT. "Já começou, tal como os colegas de Aveiro com quem divide os carros, a utilizar a EN1/IC2. Demora o dobro do tempo", lamenta o marido.