29.11.10

Casos novos de sida caem para metade em 5 anos

por Diana Mendes, in Diário de Notícias

Novos casos devem baixar para 400 este ano. O número de mortes desceu 25% nos últimos quatro anos, diz Henrique Barros


O número de casos novos de sida caiu 50% em apenas cinco anos, revela ao DN o coordenador nacional para a infecção VIH/sida, Henrique Barros. Tomando por base os novos casos diagnosticados, o médico avançou que, "em 2005, houve 847 diagnósticos. Se em 2009 havia 440, este ano esperamos baixar para 400, já que até agora só nos chegaram 260. É um sinal de que atingiremos a meta".

O Dia Mundial de Luta contra a Sida assinala-se no dia 1. E, 29 anos depois do primeiro caso em Portugal, o médico e coordenador destaca os aspectos positivos e negativos da infecção, num ano em que termina o programa de 2007 a 2010 de combate à doença.

Os resultados superam as metas em termos epidemiológicos. Além de o número de casos novos de sida ter caído 50% - quando a meta era de 25% -, a mortalidade por sida também superou as metas, baixando 25% em quatro anos e 50% desde 2000. Segundo os dados do INE de 2009, os óbitos por doenças causadas pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) ascenderam a 664, quando em 2005 eram 876, o que significa que a redução foi de 24,2%. "Isto é sinal de que as pessoas não estão a morrer", diz Henrique Barros. A detecção da infecção é mais precoce, há mais doentes em tratamento e melhor oferta de medicamentos.

Há dias foi divulgado o relatório da ONUSIDA, que estimou estarem 42 mil pessoas a viver com a doença em Portugal. O médico acredita que haja uma muito melhor notificação dos casos, que explica o incremento destes dados, mas também há mais pessoas a serem tratadas e um esforço maior para as encontrar", avança".

No entanto, dado que se baseia em estimativas, avança com a previsão de 35 a 40 mil pessoas em Portugal com a doença. "Eles calculam que 30% dos casos estejam por diagnosticar, mas penso que o número será mais baixo, porque entre os utilizadores de drogas injectáveis só encontrámos 4% por diagnosticar e este grupo é o que menos tem conhecimento da sua situação."

Portugal é o segundo país da Europa Ocidental e Central com maior número de casos de infecção, depois da Letónia. Apesar disso, os dados indicam que apenas 0,6% da população está infectada. Apesar do número de infectados e das vantagens de tratar precocemente a doença, Henrique Barros não concorda com um rastreio universal, à semelhança da França.

"Não faz sentido que seja banalizado", assegura. Anualmente, já são feitos "mais de um milhão de testes, o que é positivo". Porém, a hipótese de se realizarem testes rápidos nos centros de saúde já foi abandonada. "Em vez de apostarmos na quantidade, é tempo de apostar na qualidade: temos de dar mais apoio psicológico às pessoas para evitar exposições futuras." Mais passos devem ser dados na investigação, cooperação internacional e sobretudo na "discriminação", admite.

O panorama da doença vai ser traçado amanhã na conferência Sida: Prevenção, Informação e Diagnóstico, que se realiza no Centro Cultural de Belém e que é organizado pela TSF, Associação Portuguesa para o Estudo Clínico da Sida e BMS Farmacêutica.