28.1.11

95% dos adolescentes envolvidos em situações de violência

in Diário de Notícias

Mais de 95 por cento dos adolescentes estiveram envolvidos em, pelo menos, uma situação de violência, como vítimas ou agressores, nos primeiros quatro meses de 2010, refere um estudo divulgado hoje pela Câmara de Cascais.

Esta foi uma das conclusões do estudo "Violência, Género e Adolescência", realizado pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE) e apoiado pela Câmara de Cascais.

O estudo, que foi hoje conhecido, mostra ainda que "pouco mais de metade dos jovens declarou nunca se ter envolvido em situações de violência com parceiros numa relação de namoro".

Sobre o tipo de violência, a que mais ocorre é a do tipo emocional e de exclusão social, sendo que é mais frequente verificar-se nas relações entre pares do que nas relações de namoro.

Em relação ao género, o estudo revela que as raparigas aparecem maioritariamente como agressoras nos diversos tipos de violência.

"Quando as situações se dão no âmbito do namoro, as adolescentes aparecem maioritariamente como agressoras nos diversos tipos de violência e também como vítimas, nomeadamente de violência emocional e de exclusão social, ainda que os adolescentes apresentem um ligeiro ascendente no que respeita à vitimação física de gravidade média", lê-se.

Os comportamentos violentos em função da idade mostram que os adolescentes, quer sejam rapazes ou raparigas, com idade igual ou superior a 16 anos, agridem mais e são mais vitimizados.

Uma outra conclusão interessante, afirmou a vereadora do pelouro da Acção Social, Mariana Ribeiro Ferreira, é a avaliação "claramente positiva" do papel dos professores.

"A sua atuação é sem dúvida importante e múltipla. É ainda mais importante a mobilização dos docentes e colegas, já que foi igualmente possível identificar dois grupos de adolescentes que quando agredidos ficam numa situação de particular desprotecção, pois ou não contam a ninguém as agressões de que foram vítimas, ou ninguém desenvolve nenhum tipo de acção para intervir", sustentou.

O estudo permitiu ainda encontrar prioridades, que passam pela necessidade de haver interlocutores para as situações de agressão, debater colectivamente o papel destrutivo da violência e promover a sensibilidade das direcções das escolas e docentes sobre esta problemática.

Durante quatro meses - Dezembro de 2009 e Março de 2010 - foram inquiridos 501 alunos de 12 escolas do concelho de Cascais, correspondendo a 36 por cento da população inscrita no ensino público, com o objectivo de apurar a realidade da violência nas relações entre os jovens.