21.2.11

Presidente do BCE tem "mensagem muito forte para Portugal"

in Jornal de Notícias

O presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet, disse este domingo ter uma "mensagem muito forte para Portugal", recomendando o país a "aplicar o plano [de austeridade] tão rigorosamente e tão convincentemente" quanto possível.

"Apelamos a todos os Governos europeus, sem excepção", afirmou o banqueiro central no final da reunião do G20, que decorreu nos últimos dois dias em Paris, para "aplicarem o plano [de austeridade] que têm tão rigorosamente e tão convincentemente" quanto possível.

Jean-Claude Trichet quer aplicação rigorosa do plano de austeridade

"Temos uma mensagem muito forte para Portugal, assim como para os outros", disse Trichet, acrescentando que "cabe aos países serem convincentes" face à desconfiança dos mercados internacionais relativamente à capacidade de alguns países da zona euro cumprirem os seus compromissos financeiros.

Para além do banqueiro central europeu, também o presidente do Fundo Monetário Internacional pressionou os governos europeus, considerando essencial que os países da zona euro reduzam os níveis de dívida pública nos próximos anos, defendendo que a maneira mais fácil de o fazer é aumentar as taxas de crescimento das suas economias.

Dominique Strauss-Kahn manifestou-se "confiante" que as decisões da reunião de Março dos chefes de Governo europeus vão convencer os investidores da solidez europeia no combate à crise da dívida soberana que ameaça alguns países. "Os mercados não são tudo, mas são importantes", disse, argumentando que "é preciso fazer alguma coisa que seja vista, e não só pelos mercados, como algo que funciona".

Depois de aprovar planos de resgate para a Grécia e para a Irlanda, os líderes europeus estão a debater uma solução abrangente de apoio financeiro, que mereceu já críticas do Governo português relativamente à demora na sua aprovação.

Se uma solução "vier tarde demais, estamos sempre atrás da curva", disse Strauss-Kahn numa entrevista à televisão da agência financeira Bloomberg depois de reunir com as autoridades financeiras do G20.

"Falando com os líderes mais importantes da Europa, penso que eles percebem bem a necessidade de ter uma abordagem abrangente" à crise financeira, disse o responsável, mostrando-se "confiante que hão de arranjar alguma coisa bastante abrangente até ao fim de Março".

Apesar do optimismo de Strauss-Kahn, a resistência política à transferência de fundos entre os países pode fazer o plano descarrilar, analisa a Bloomberg, lembrando que a Alemanha tem feito depender o aumento do fundo de resgate de 440 mil milhões de euros da aprovação de um plano que aumente a competitividade dos países em maiores dificuldades, como é o caso da Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha.