26.3.11

Não há "fuga de cérebros" para o estrangeiro, garante Presidente da FCT

in Público on-line

O presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), João Sentieiro, revelou hoje que não há “fuga de cérebros” para fora de Portugal, que é, além disso, “um país atractivo para investigadores estrangeiros”.

Durante o “1.º Encontro da comunidade científica” do Instituto Politécnico de Leiria, o professor salientou que o fenómeno brain drain não se passa em Portugal, pois o número de jovens que saem para estudar e não regressa é “uma percentagem muito pequena”.

À margem do evento, João Sentieiro explicou à agência Lusa que o Gabinete de Planeamento Estratégico do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) realizou um estudo que incidiu sobre os estudantes que se doutoraram em Portugal ou no estrangeiro, nos últimos 15 anos.

“Verificou-se que a esmagadora maioria regressava a Portugal e a percentagem dos que ficaram no estrangeiro é compensada de uma forma positiva pelo número de estrangeiros que vieram para Portugal trabalhar”, acrescentou.

Da experiência na fundação, João Sentieiro sublinhou que Portugal passou a ser “um país atractivo para investigadores estrangeiros”. Segundo o professor, a ideia da fuga de cérebros prende-se com “a ignorância que campeia em Portugal”.

Criticando as pessoas que “fazem afirmações não fundamentadas”, lamentou ainda que “os mass media dêem grande projecção a isso porque são más notícias”.

João Sentieiro defendeu ainda a aposta na investigação como forma de combater a crise. “Num país como Portugal, que não tem ouro, diamantes ou petróleo, os principais recursos são os humanos”, por isso, “quanto mais qualificados e capacidade tiverem de inovar, mais a nossa economia poderá ser competitiva em termos internacionais”.

Para Sentieiro, é “nos períodos de crise que devia ainda ser mais prioritário investir na educação, na qualificação das pessoas e na investigação”, porque é “daí que vai resultar o reforço do país para enfrentar o que vem a seguir”.

O presidente da FCT aplaudiu a “excelente opção” do Governo em não cortar na investigação neste momento. “As pessoas que mais investiram em I&D [Inovação e Desenvolvimento] são aquelas que mais exportam e as empresas portuguesas só vingam se conseguirem oferecer no mercado coisas que sejam diferentes de todas as outras”, disse.

Sentieiro afirmou ainda que “não falta capacidade” a Portugal, mas às vezes “falta estratégia e visão”. Mas, “ultimamente, em relação à ciência e tecnologia, tem havido essa capacidade e essa visão, que esperemos que continue”, afirmou.