31.3.11

“O cigano não é um bicho papão”

Patrícia Sousa, in Correio do Minho

O jovem Daniel Cabreiras, membro da comunidade cigana e voluntário da Cruz Vermelha deixou um apelo e um desafio, ontem, aos jovens da Escola Secundária D. Maria II: “o cigano não é um bicho papão. Há muita gente que ainda olha para nós de lado. Olhem para nós como ser humanos. Somos iguais”.

Daniel foi um dos convidados do debate, organizado por quatro alunas do 12.º H em Área Projecto, que contou, também com Sónia Diz, socióloga do Centro Local de Apoio à Integração de Imigrantes (CLAII), e Patrícia Couto, assistente social da Cruz Vermelha de Braga.

Os jovens presentes no debate mostraram-se muito curiosos e não perderam a oportunidade de conhecer melhor a cultura da comunidade cigana. Do casamento, passando pela virgindade, funeral e educação, Daniel explicou as tradições da etnia aos jovens presentes. O jovem, que nasceu “prometido”, quando recebeu as cabaças da mãe (sinónimo de que estava ‘livre’ desse casamento prometido) apanhou uma bebedeira.

Hoje, Daniel é voluntário do projecto ‘Colorir o Sábado’, da delegação de Braga da Cruz Vermelha, depois de ano passado ter participado numa actividade de voluntários da Cruz Vermelha na Madeira. “Fui com muito receio. Mas fiz 54 amigos em cinco dias. Eram todos voluntários, menos eu e prometi que também ia ser”, confidenciou o jovem.

Apesar de já ter havido muitas mudanças, o jovem não entende o que “os senhores têm contra os ciganos”. E atirou: “ser cigano é sonhar em ter um mundo melhor. Nós já mudámos um pouco, mas ainda há algum racismo e preconceito”, referiu.

Já a socióloga e assistente social fizeram uma espécie de ‘retrato’ da integração da comunidade cigana na cidade, explicando alguns dos usos, costumes e hábitos.