26.4.11

Cáritas de Roma acolhe ciganos expulsos pela Câmara após intervenção do Papa

Texto E. Assunção, in Fátima Missionária

Pouco depois, de Bento XVI exortar ao acolhimento de deslocados e refugiados na sua mensagem de Páscoa «Urbi et orbi», o Vaticano passa das palavras aos factos: uma centena de ciganos é acolhida pela Cáritas


Refugiados há três dias nos claustros da basílica de São Paulo fora dos muros, em Roma, os nómadas foram acolhidos pela Cáritas de Roma numa sua estrutura social. O próprio Papa enviou à basílica um membro da Secretaria de Estado do Vaticano para exprimir aos ciganos a sua “proximidade” pessoal. Terminou assim a ocupação pacífica da basílica de São Paulo pelos ciganos expulsos pela Câmara de Roma de um campo abusivo nos arredores da capital italiana. Entre abraços e aplausos, as famílias nómadas saíram por uma porta lateral da basílica e partiram de autocarro para o centro da Cáritas.

A sala de imprensa do Vaticano tornou públicos os sentimentos do Papa sobre este caso. Augurou que a disponibilidade da Cáritas “abra caminho a uma resolução estável e adequada”. A solução provisória foi encontrada depois de um prolongado encontro entre os nómadas que sempre recusaram a proposta do governo de transferir mulheres e crianças para um centro de acolhimento. “A Câmara foi informada da solução encontrada”, lia-se no comunicado da Cáritas. “Roma capital agradece à Caritas romana pela sua intervenção decisiva para resolver a emergência. Trata-se de uma intervenção de carácter humanitário, que não altera em nada a posição da administração romana sobre a emergência dos nómadas”, retorquiu o presidente da Câmara.

Vários membros das autoridades romanas mostraram a sua preocupação pela “péssima imagem que a cidade está a dar a todo o mundo”. Houve mesmo quem chegasse a falar de incrível “ausência das instituições” neste drama. “A própria Câmara, que provocou a emergência da basílica de São Paulo, com as suas desumanas e ilógicas expulsões sem alternativas, não foi capaz sequer de encontrar uma solução para fazer voltar à normalidade a basílica”, acusou um autarca da capital. “Espera-se que o presidente da Câmara tenha percebido que é urgente parar com o seu plano para os nómadas” de Roma.