26.4.11

Mais velhos, mais pobres, mas mais poupados

Por Carla Pinto Silva, Agência Financeira

Primeiro livro digital de indicadores estatísticos conta a história mais recente do país e dos portugueses

Os portugueses estão mais pobres, mas também mais poupados, numa altura em que há mais idosos do que jovens a residir no nosso país. Com o desemprego a aumentar, o número de beneficiários do subsídio de desemprego triplica. A Educação e a Justiça são apontadas como as áreas com maiores bloqueios. É este o principal «Retrato de Portugal».

O primeiro livro digital de indicadores estatísticos, lançado esta quarta-feira, e que tem por base os dados da Pordata, atesta que o nosso país contribuiu menos para o PIB do que era suposto, quando comparado com os seus parceiros europeus, tendo em conta a sua população (somos 10.632.482).

Portugal apresenta, assim, um índice sobre o esforço produtivo esperado de 67,1%, em 2009, apenas mais 2% do que há 10 anos, mas ainda assim longe dos 100% considerados «ideais». À cabeça está o Luxemburgo (324,4%) e a Dinamarca (170,9%), seguidos pela Irlanda (152%), Chipre (89,9%) e Eslovénia (73,6%).

Em contrapartida, a poupança bruta das famílias portuguesas - em percentagem do PIB - chegou aos 11%, em 2009, o que compara com os 7,6% de 1999. O que significa que, no espaço de 10 anos, os portugueses pouparam mais.

Já o rendimento médio disponível das famílias é de 30.837,1 euros, sendo que os impostos sobre as famílias e empresas em percentagem das receitas das Administrações Públicas representam 23,3%.

Segundo a directora da Pordata, Maria João Valente Rosa, estamos mais pobres, mas mesmo assim «os muito pobres estão menos pobres do que no passado». O que se deve «ao nível da protecção social e Rendimento Social de Inserção (RSI). Os pobres não estão tão desprotegidos com nos anos 60»: o número de beneficíarios do subsídio de desemprego (244.134 indivíduos) é quase o triplo do que há 10 anos.

Já o número de pensionistas da Segurança Social e da Caixa Geral de Aposentações é de 3.423.324, representando 61% da população activa.

Outro dado abordado, nesta obra, revela que 63% dos empregados por conta de outrem não têm mais do que o 9º ano de escolaridade, sendo que no caso dos empregadores esse valor é ainda mais alto (71%).

Este trabalho, da responsabilidade da Fundação Francisco Manuel dos Santos, mostra ainda que os portugueses vivem cada vez mais. Da população residente com 65 ou mais anos, quase metade (46,6%) tem mais de 75 anos. Ainda assim, a idade média da reforma tem-se mantido praticamente constante.