25.5.11

Empresas e particulares estão a demorar mais tempo a saldar dívidas

Por Pedro Crisóstomo, in Público On-line

Os consumidores e as empresas portuguesas estão a demorar mais dias a pagar facturas em atraso, e a perspectiva das empresas é de que os riscos de adiamento dos pagamentos vão continuar a agravar-se, mostra o Índice de Pagamentos Europeu deste ano, hoje revelado. Portugal tem mais de 5 mil milhões de euros em dívida incobráveis.

Na contagem da empresa de gestão de crédito e cobranças Intrum Justitia, que realiza o barómetro europeu há 11 anos, os particulares demoraram, ainda assim, menos tempo do que as empresas a resolver os compromissos em atraso: 34 dias, contra 41 das empresas.

De acordo com o estudo, realizado em 25 países da União Europeia nos primeiros três meses do ano, Portugal agravou em 48 por cento a taxa de pagamentos recebidos a mais de 90 dias, para 31 por cento.

Embora o Estado tenha reduzido, em média, a duração do atraso nos pagamentos para 82 dias (quando, no índice do ano passado, estava em 84 dias), continua a ser quem mais demora a pagar as suas dívidas.

Em termos globais, a percentagem de facturas incobráveis aumentou, face ao barómetro de 2010, para os 2,8 por cento para 3,2 por cento do volume de negócios das empresas – para mais de 5 mil milhões de euros. A percentagem fica, como nos anos anteriores, acima da média europeia (de 2,7 por cento, correspondente a mais de 312 mil milhões de euros) e coloca Portugal no penúltimo lugar (antes da Grécia) no índice de risco de pagamentos europeu.

Das 5777 empresas inquiridas, 95 por cento acreditam que os seus clientes pagaram em atraso “porque estavam a enfrentar dificuldades financeiras”. A grande maioria (64 por cento) estima que haverá mais riscos de atrasos nos pagamentos, enquanto 27 por cento aponta para uma manutenção do nível de risco. E também próximo deste valor percentual (63 por cento) está o número dos que dizem que o atraso está a prejudicar o crescimento das empresas em causa.

Um quadro “preocupante”, segundo a leitura do director-geral da Intrum Justitia Portugal, Luis Salvaterra, que em comunicado explica que grande parte dos inquiridos “afirma que as suas empresas investiram menos em inovação e investigação devido à desaceleração económica”.

Um dos efeitos negativos da depressão económica de Portugal, diz, é o aumento de dias que os consumidores e as empresas demoram a pagar as facturas em atraso. “Consideramos que esta situação vai piorar, uma vez que vão ser implementadas várias medidas de austeridade, incluindo cortes nos salários do sector público e aumento do IVA, entre outros”, antecipa Salvaterra.