24.5.11

Estudo conclui que Portugal é um país de gestores e engenheiros

Por João d´Espiney, in Público on-line

Quase um quarto dos alunos que frequentam o ensino superior em Portugal está a tirar Gestão e cursos na área da Engenharia. Esta é uma das principais conclusões que se pode retirar da Caracterização do sistema de ensino superior 2009/2010, o primeiro grande estudo elaborado pela Agência de Avaliação do Ensino Superior (A3ES) sobre o ensino superior em

De acordo com o estudo, a que o PÚBLICO teve acesso, o número global de estudantes ascende a 402.727 e a oferta de cursos em funcionamento ultrapassa os quatro mil (4044). A Agência aponta para "uma distorção da oferta que resulta da lentidão de reacção do sistema às mudanças da procura e uma falta de estratégia a médio/longo prazo das instituições".

Do total de alunos, mais de três quartos (312.251) estão a frequentar o ensino público: 192.641 no universitário, 118.702 nos politécnicos e 908 no ensino militar e policial. Nas instituições privadas, encontram-se 78.060 alunos, sendo que a maioria (52.567) está em universidades e 25.493 nos politécnicos. Os restantes 12.416 frequentam o ensino concordatário. O estudo da A3ES concluiu que 2991 dos cursos (74 por cento) estão no ensino público, enquanto que o privado é responsável por 912 (23 por cento) e o concordatário tem 414 (três por cento). Analisando só o sector público, verifica-se que 70 por cento dos cursos estão concentrados no ensino universitário e 28 nos institutos politécnicos. No sector privado, a proporção é de 65 e 35 por cento, respectivamente.

Gestão é o que tem mais

A área de educação/formação com mais alunos e a segunda com mais cursos é a das Ciências Empresariais, com mais de 59 mil estudantes (15 por cento do total) e 473 cursos (12 por cento). Só em Gestão e Administração estão 34.635 alunos, o que o torna o curso com mais estudantes em Portugal. No ano 2000, e de acordo com os dados da Direcção-Geral do Ensino Superior, o curso de Gestão ocupava só o sétimo lugar entre os cursos com mais vagas e nem aparecia no top ten dos cursos com mais preferências dos candidatos ao ensino superior.

A segunda área com mais estudantes é a da Engenharia, com um total de 57.778 estudantes (14 por cento). Neste segmento, o curso de metalurgia e metalomecânica é o que abrange mais alunos com quase 19 mil.

Mas, de acordo com o levantamento efectuado pela Agência, o segundo curso que mais pessoas abrange é o da formação de professores/formadores na área das Ciências da Educação, com um total de 25.436 (seis por cento do total). Apesar de ter vindo a perder vagas nos últimos anos, esta área continua a ser a que mais cursos tem em todo o ensino superior, com quase 500 em funcionamento (12 por cento do total).

Em terceiro lugar em ambos os rankings surge o curso de Ciências Informáticas com, respectivamente, 22.623 alunos e 173 cursos. Direito, que no ano 2000 era o segundo curso com mais vagas em Portugal, tem vindo a perder terreno, mas ainda assim aparece no quinto lugar do ranking dos cursos com mais estudantes, com 18.495 (89 cursos).

A comparação entre os subsectores público e privado permite concluir que as áreas de estudo mais pretendidas são as Ciências Empresariais, o Direito e os Serviços Sociais. No ensino universitário, há três áreas que são dominadas claramente pela oferta do subsector público: Agricultura, Silvicultura e Pescas; Ciências Físicas; e Matemática e Estatística. Já no ensino politécnico, "a competição entre os subsectores público e privado é mais clara nas áreas do Direito; da Formação de Professores e Ciências da Educação; e da Saúde", refere a Agência, que concluiu ainda que "há áreas dominadas exlusivamente pela oferta do subsector público: Agricultura, Ciências Físicas, Ciências Veterinárias, Indústrias Transformadoras e Protecção do Ambiente.

Analisando a ofertas nas diversas áreas de estudo relativamente ao ensino politécnico e universitário, verifica-se que o segundo "domina a oferta em todas as áreas, excepto a dos Serviços de Transporte". A área da Saúde é aquela onde há uma distribuição mais equitativa entre estes dois tipos de ensino e as áreas das Ciências Físicas e da Matemática são áreas do ensino universitário.