24.8.11

Confiança afunda na zona euro e agrava risco de estagnação

Por Sérgio Aníbal, in Público on-line

A confiança dos consumidores e empresários europeus caiu de forma acentuada durante o último mês, agravando os riscos de um abrandamento da economia na parte final deste ano.

Até agora, apesar do clima recessivo por que passam os países que, como Portugal, estão a ser forçados a corrigir a sua situação orçamental, na Alemanha e noutros países do centro da Europa, a economia vinha apresentando um ritmo forte, constituindo um suporte para todos os países da zona euro. No entanto, com a persistência da crise da dívida, essa boa notícia parece estar prestes a acabar. Três indicadores revelados ontem mostram uma tendência clara de abrandamento na economia do euro, a que não escapam os países do centro.

O indicador de confiança dos consumidores ontem publicado pela Comissão Europeia caiu de -12,4 para -16,8 pontos na União Europeia. Na zona euro, a queda foi de -11,2 para -16,6 pontos. As descidas registadas são das mais acentuadas alguma vez na série histórica deste indicador, o que mostra a reacção negativa dos consumidores europeus à não-resolução da crise da dívida.

Os empresários alemães, que até há poucos meses registavam níveis de confiança-recorde, também estão a perder o seu optimismo. Em Agosto, o indicador ZEW de confiança empresarial afundou-se para os -37,6 pontos, face aos -15,1 pontos de Abril.

Uma quebra dos níveis de confiança entre consumidores e empresários pode conduzir, como aconteceu no passado, a diminuições nos ritmos de crescimento do consumo e do investimento. É por isso que a generalidade dos analistas está a corrigir as suas previsões para a evolução da economia europeia e, em especial, para a alemã. E os primeiros sinais concretos de um abrandamento já existem. Para além dos dados oficiais do PIB do segundo trimestre (que já apontaram para um abrandamento face aos primeiros três meses do ano), os indicadores de actividade que vão sendo divulgados para os últimos meses apontam para uma manutenção da tendência.

Os índices PMI (purchasing managers indexes) - que são dos indicadores avançados mais seguidos pelos analistas - revelaram ontem uma contracção na Europa, apontando agora para uma estagnação da actividade económica na zona euro durante o terceiro trimestre do ano.

"Existe uma fraqueza nos países do centro da zona euro, em particular na Alemanha. A zona euro está a perder o seu principal motor de crescimento", afirmou ontem um analista da Markit, a firma que publica os índices PMI.

Para Portugal, um abrandamento à escala europeia pode conduzir a um acentuar da recessão já prevista para este ano e o próximo, uma vez que afecta as exportações.