22.8.11

Um terço dos desempregados no Luxemburgo são portugueses

in Jornal de Notícias

Cerca de um terço das pessoas que estão oficialmente registadas como desempregadas ou à procura de emprego no Luxemburgo são portuguesas, revelou o embaixador luxemburguês em Portugal, Paul Schmit.

Segundo o embaixador do Luxemburgo, que falava num debate realizado em Tavira, mais de 32% das pessoas registadas como desempregadas são portuguesas, num universo de 70% de cidadãos estrangeiros nas mesmas condições naquele país.

Paul Schmit falava no debate "O racismo, xenofobia e outras discriminações", no qual participou também o Alto Representante das Nações Unidas para a Aliança das Civilizações e ex-Presidente da República Jorge Sampaio.

Adiantando que naquele país europeu os portugueses representam 17% da população residente, o diplomata sublinhou que os estrangeiros são os mais afectados pelo desemprego em parte devido à dificuldade em aprender a língua.

Uma das chaves para a integração, referiu, é justamente a aprendizagem não só da língua-mãe, o luxemburguês, como do alemão, do francês e, numa fase mais tardia da escolaridade, o inglês.

De acordo com o embaixador, a integração é mais fácil quando as crianças chegam ao país em idades menores, sendo que entram anualmente nas escolas do Luxemburgo cerca de 500 novos alunos.

Paul Schmit revelou ainda uma estimativa que aponta para que 20% da população do país viva abaixo do limiar da pobreza, embora apenas 6% sejam luxemburgueses, percentagem ultrapassada pelos estrangeiros.

Sociedades mais inclusivas

Na sua intervenção, Jorge Sampaio falou da necessidade urgente em tornar as sociedades mais inclusivas, uma vez que nenhuma sociedade está "imune" à proliferação de práticas discriminatórias.

"Quem pensa que somos uma fortaleza fechada está enganado", afirmou, sublinhando que a redução das desigualdades sociais é ainda mais difícil num momento de crise económica como a que muitos países atravessam.

Considerando que o aumento da discriminação é um fenómeno "generalizado", Jorge Sampaio apelou a que se evite o argumento da "excepcionalidade" ou do "incidente" para "fechar os olhos" a episódios como os de Oslo ou Londres.

O evento, organizado pela Casa das Artes de Tavira, encerrou um ano de actividades realizadas sob a temática da discriminação e que contou com múltiplas actividades culturais.