23.9.11

Bagão: "Portugal poderá pedir reforço de ajuda externa"

in Diário de Notícias

O conselheiro de Estado admitiu esta quinta-feira que Portugal "terá que pedir um reforço de ajuda externa" devido à "subavaliação das necessidades", considerando que, à partida, os 78 mil milhões de euros "já não eram suficientes".

Em declarações aos jornalistas no final de uma intervenção no Clube dos Pensadores, em Gaia, Bagão Félix foi questionado sobre as declarações do primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, que em entrevista à RTP, terça-feira, admitiu que não afasta a possibilidade de um novo pedido de ajuda externa face a um cenário de falência da Grécia.

"Se a Grécia entrar em incumprimento - cuja probabilidade é cada vez mais elevada - isso tem efeito dominó nos seus credores (bancos europeus, franceses, alemães, italianos, portugueses também) e mesmo que façamos tudo bem, isso pode dificultar as nossas soluções", defendeu.

No entanto, Bagão Félix foi mais atrás no problema, considerando que "os 78 mil milhões concedidos por via do acordo com as entidades estrangeiras, logo à partida, já não eram suficientes".

"Por causa do elevado défice de algumas empresas públicas que têm que ser reportados por via dos dinheiros públicos, provavelmente, logo nessa altura, os 78 mil milhões deviam ter sido à volta de 100 mil milhões", avançou.

Questionado pelos jornalistas sobre a necessidade de um segundo pacote de ajuda a Portugal, o ex-ministro foi perentório: "admito que Portugal terá que pedir um reforço de ajuda externa, não por causa de factores supervenientes mas, em meu entender, por causa de uma subavaliação das necessidades no momento em que elas foram calculadas".

Durante o debate que quinta-feira decorreu em Gaia, sobre o tema "Questões económicas, sociais e éticas: que futuro?", Bagão Félix foi questionado pelo público sobre a questão da Grécia, tendo realçado que esta era bastante discutível e que ele próprio teria dúvidas.

"Neste jogo alguém tem que perder e se quer a minha opinião, eu acho que quanto mais depressa a Grécia entrar em incumprimento, tanto melhor porque clarifica a situação", disse.

Para o conselheiro de Estado assim acabaria "esta situação da terra de ninguém, em que anda tudo com uma venda nos olhos, anda tudo às apalpadelas".

"E depois perceber-se que do incumprimento de um país, neste caso a Grécia, alguém tem que pagar a fatura. Em minha opinião, quem deve em primeiro lugar pagar a fatura, foi quem emprestou em condições que provavelmente não devia ter emprestado", defendeu.