23.9.11

Exclusão digital não deve representar uma exclusão social

in Jornal de Notícias

A exclusão digital não deve representar uma exclusão social e os Governos devem fazer esforços para que os recursos públicos de informação cheguem aos mais pobres, recomenda o relatório UE Kids Online da Comissão Europeia.

O relatório final está a ser apresentado em Londres e é resultado de um trabalho de um ano de entrevistas a mais de 25 mil crianças entre os nove e os 16 anos e respectivos pais oriundos de 25 países europeus, para perceber os riscos e as oportunidades reais do mundo online.

O documento deixa várias recomendações para os Governos, crianças, pais, educadores, sociedade civil e indústria, bem como sobre segurança infantil e sensibilização.

O relatório aconselha a que, em relação às crianças que não têm acesso de banda larga, os Governos assegurem que "exclusão digital não inclua uma exclusão social" e defende como "importante" que, ao mesmo tempo que todos devem beneficiar dos recursos públicos de informação, os Governos façam esforços específicos para que essa informação chegue aos mais desfavorecidos ou "pobres de informação".

"Especialmente nos países onde as crianças não conseguem progredir na escada das oportunidades, são vitais as iniciativas que apoiem a literacia digital e um acesso efectivo e amplo", defendem os investigadores no relatório, a que a agência Lusa teve acesso.

Por outro lado, sublinham que, se a auto-regulação da indústria passa por ir ao encontro das necessidades das crianças e das famílias, cabe aos Governos garantir que isso é feito de forma inclusiva, efectiva e responsável.

"Se as escolas e os serviços de protecção das crianças e jovens servem para aumentar a sensibilização, facultar informação e orientação e efectivamente apoiar crianças e pais, eles exigem um forte encorajamento, recursos e reconhecimento", lê-se no relatório.

O relatório destaca que em muitos países há já evidências de que estão a ser feitos esforços e que estão a dar frutos e sublinha que "é imperativo agora manter e estender esses esforços para enfrentar os desafios futuros".

O relatório deixa igualmente recomendações para a indústria, como por exemplo que as ferramentas de configuração de privacidade, os controlos dos pais ou os mecanismos de comunicação sejam adaptados à idade.

Já para os pais, é aconselhado que deixem de insistir em ter o computador na sala de estar e optem por estar online com os filhos, falem com eles sobre a Internet e partilhem até alguma actividade online juntos.

Às escolas é pedido que assumam maior responsabilidade no apoio às crianças e aos pais na conquista de literacia digital e ferramentas de segurança.